Deu no O Globo
O GLOBO ajuda governo a economizar milhões
Foto: Givaldo Barbosa/ O Globo
As jornalistas Regina Alvarez e Leila Suwwan. Governos não gostam da imprensa – e o governo Lula menos ainda. Poucos presidentes foram tão hostis à atividade jornalística quanto o atual, fato simbolizado na última reunião ministerial quando o próprio ministro encarregado de intermediar as relações entre as duas partes utilizou seu espaço na agenda para discursar contra a mídia para o chefe e demais colegas.
Entretanto, o trabalho da imprensa tem um valor para o país que transcende eventuais ocupantes de um partido político no Palácio do Planalto.
Nos últimos dias, por exemplo, o GLOBO ajudou a traduzir em números bem concretos o “valor” que uma imprensa livre pode ter numa democracia. Graças a uma série de reportagens de Regina Alvarez e Leila Suwwan, publicadas desde domingo, o país pode vir a economizar alguns milhões de reais.
O GLOBO descobriu algo que nem o próprio governo sabia: apesar de o presidente Lula cobrar de empresários a redução da CPMF nos produtos que comercializam, a administração pública federal continua pagando o tributo a todos os seu fornecedores, mesmo tendo o imposto sido extinto há mais de um ano.
Esse fato se contrapõe à argumentação do presidente de que a CPMF seria a garantia de mais verbas para a saúde – como se viu, uma gestão eficiente dos recursos públicos desperdiçados poderia ser mais saudável do que a profusão de impostos que o brasileiro já paga.
É por essas e outras que a credibilidade da imprensa e dos jornalistas é cada vez maior no Brasil, enquanto a dos políticos só faz ruir.
Pesquisa do Ibope Inteligência divulgada pelo jornal “Valor” semana passada revela isso com clareza: ao medir o grau de confiança em instituições, o Ibope constatou que os jornais possuem um índice de confiança da população de 60% (uma alta de cinco pontos sobre 2008!) – avaliação que fica acima, por exemplo, do grau de confiança depositado na Igreja (57%), nas multinacionais (53%) e no governo (22%). Ou seja, os jornais têm três vezes mais credibilidade do que o governo, segundo o Ibope.
Quando se mede as profissões, os bombeiros (97%) e os pilotos de aviação (83%) são os mais confiáveis, e os jornalistas estão muito bem posicionados, com 51% de avaliação positiva, acima de motoristas de táxi (40%) e policiais (26%). No pé da lista das profissões mais confiáveis estão, claro, os políticos, com magérrimos 2%.
Outra pesquisa, do grupo alemão GfK, que ouviu 17 mil pessoas em 16 países europeus, nos EUA e no Brasil, mostra que os jornalistas são a quinta profissão mais respeitada pelos brasileiros, atrás apenas de bombeiros, carteiros, médicos e professores. Na lanterna da pesquisa, nenhuma surpresa: os políticos conseguiram apenas 16% de credibilidade no Brasil.
Portanto, quando políticos dizem que estão se lixando para a imprensa, não acredite. Em vez de reclamar da imprensa, os governos deveriam transformar suas reportagens em ações – e também, como apontou o GLOBO, em economia para os cofres públicos.

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