Em reunião na residência de Henrique, PMDB decide ir a Lula para cobrar aliança ‘formal e pública’
                                                              Foto: Renato Araújo

Cúpula do PMDB acerta o passo num jantar na casa do deputado Henrique Eduardo Alves

Acossada por uma conjuntura adversa, a candidatura presidencial de Dilma Rousseff passou a travar uma corrida contra o relógio.
Nas últimas semanas, a preferida de Lula ganhou feições de um desastre esperando para acontecer. Para tentar evitar a calamidade, desistiu-se de esperar.
Antecipam-se para já movimentos que haviam sido programados para o início de 2010. Respira-se na seara governista uma atmosfera de azáfama.
Reunida na noite passada, a cúpula do PMDB decidiu inverter o calendário. Em vez de priorizar as alianças nos Estados, optou-se por antecipar o acerto nacional.
Ao desembarcar de sua última viagem internacional, nesta quarta (7), Lula receberá um pedido de audiência do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
Autorizado pelos dois grupos do PMDB de Brasília –o da Câmara e o do Senado—, Temer vai a Lula para fazer um pedido com ares de cobrança.
Sócio majoritário do consórcio governista, o PMDB exige de Lula que seja acomodada em pratos limpos a aliança do partido com a candidatura de Dilma.
Coisa formal, pública e imediata. Passa pela reafirmação de que o posto de vice caberá ao PMDB. Um compromisso que, por ora, só foi assumido de gogó.
O PMDB exigirá, de resto, que sejam fixadas desde logo as regras que nortearão os acertos e os desacertos nos Estados.
Nada muito complicado. Deseja-se escorar o apoio a Dilma em três escassas premissas:
1. Onde for possível, o PMDB apoiará os candidatos do PT aos governos estaduais.
2. Noutros Estados, o PT apoiará os candidatos do PMDB.
3. Nas províncias em que a conciliação se mostrar impossível, haveria dois palanques pró-Dilma. Lula e a candidata dispensariam tratamento igualitário aos aos dois lados.
Estiveram na reunião com Temer os mandachuvas do Senado –José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá…
…Os figurões figurões da Câmara –Henrique Eduardo Alves e Jader Barbalho— e os ministros do partido –José Gomes Temporão (Saúde)…
…Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), Edson Lobão (Minas e Energia) e Reinhold Stephanes (Agricultura).
Em viagem ao exterior, os ministros Hélio Costa (Comunicações) e Nelson Jobim (Defesa) mandaram representantes.
Não houve vozes dissonantes. Todos referendaram a delegação para que Temer leve a Lula as inquietações do partido.
Jantar com o PDT – Simultaneamente à reunião-jantar do PMDB, Dilma Rousseff ofereceu um repasto às bancadas de deputados e senadores do PDT.
De novo, uma tentativa de adiantar o calendário. Na estratégia que fora esboçada por Lula, o governo daria primazia ao acerto com o PMDB.
Imaginou-se que os sócios minoritários da aliança viriam por gravidade. Sobreveio, porém, a novidade Ciro Gomes.
Candidato multiuso do PSB, Ciro escalou as pesquisas. Na última, feita pelo Ibope, aparece ora empatado ora à frente de Dilma.
Cortejado por Ciro, o PDT ouviu de Dilma a reiteração de uma tese que Lula defende desde o ano passado: o governo precisa ir às urnas com um candidato único.
O ministro Carlos Lupi (Trabalho), presidente licenciado do PDT, ecoou Dilma. Melhor: disse que a candidatura única é personificada pela ministra.
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, foi na mesma direção. Disse que a candidata é Dilma. E ponto.
Ponto para a ministra. Lupi e Paulinho vinham sendo apontados como pretensos simpatizantes da alternativa Ciro. Era jogo de cena.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) não deu as caras no jantar. Dispunha de um álibe. Agendara há tempos o encontro com um executivo da TV Bandeirantes.
Cristovam é contra a aliança com Dilma. Defende que o PDT tenha candidato próprio. “Pode ser o Lupi, não eu”. Acha que composição é coisa para o segundo turno.
Para sorte de Dilma, Cristovam é voz isolada no partido. O PDT pediu tempo. Mas parece agora inclinar-se para o colo da ministra.
O PT de Dilma também decidiu apressar o passo. Constituiu um grupo de trabalho para deitar sobre o papel o programa que Dilma levará aos palanques e à TV.
O grupo será coordenado pelo assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia. Será auxiliado por três grão-petistas: Ricardo Berzoini, presidente da legenda…
…Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula; e Antonio Palocci, deputado e ex-ministro da Fazenda.
Espera-se concluir o trabalho até o final do ano, de modo a entrar 2010 com um feixe de idéias que dêem consistência programática a Dilma.
O ritmo de toque de caixa em que Dilma se vê envolta contrasta com a letargia da oposição.
O tucanato, por ora, apenas gere a disputa entre José Serra e Aécio Neves, os seus dois presidenciáveis.

Fonte: Blog do Josias de Souza

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