PT e PMDB já negociam o comando da futura Câmara

Sérgio Lima/Folha
Otimistas com os rumos da eleição, PT e PMDB já negociam a presidência da Câmara num eventual governo Dilma Rousseff.
A articulação corre nos subterrâneos, bem longe dos holofotes. Já resultou na celebreação de um pré-acordo.
Prevê a reedição, sob Dilma, do rodízio que manteve as duas legendas no comando da Câmara durante todo o segundo mandato de Lula.
Acertou-se que, confirmada a vitória de Dilma sobre o rival José Serra, cada partido presidirá a Câmara por dois anos.
Exatamente como sucedeu com Arlindo Chinaglia (PT-SP), presidente no biênio 2007-2008; e Michel Temer (PMDB-SP), de 2009 a 2010.
O novo pacto começa a ganhar rosto. Pelo lado do PMDB, o ajuste tem a cara do atual líder da bancada, Henrique Eduardo Alves (RN).
Na seara do PT, o semblante que emerge como favorito é o de Cândido Vaccarezza (SP), líder de Lula na Câmara.
Não há, por ora, acordo quanto à ordem das presidências. O PMDB deseja segurar o leme no primeiro biênio (2011-2012).
E o PT ainda não digeriu a idéia de ficar com a presidência do biênio derradeiro (2013-2014). Prefere inaugurar o novo ciclo.
Evita-se tratar do tema às claras por conta da chamada “variável Garrincha”: “Alguém combinou tudo isso com os russos?”
Por mais que petês e pemedebês queiram acelerar a partida, não ignoram que há em campo um time de antagonistas. E, na arquibancada, uma galera com poder de voto.
No papel de Vicente Feola de sua própria sucessão, Lula conseguiu plantar no gramado uma Dilma que, hoje, ombreia com Serra.
Mas a graça do jogo reside no fato de que não é a eleição que faz a democracia. É a apuração.
Assim, além da vitória de Dilma, PMDB e PT precisam eleger bancadas iguais ou maiores do que as que têm hoje.
Mais: Henrique Alves e Vaccarezza, os mandarins do acordo prévio, precisam garantir as próprias reeleições.
Não é só: reeleitos, terão de prevalecer em suas respectivas bancadas. É certo que haverá disputa pelo menos entre os petistas.
Além de Vaccarezza, hoje o mais bem posto, prevê-se que pelo menos dois nomes devem entrar na briga: Arlindo Chinaglia (SP) e Henrique Fontana (RS).
Com tantos imprevisíveis a rondar o entendimento de PT e PMDB, manda a prudência que se recorra à única previsão infalível: não se pode prever coisa nenhuma.

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