Uern suspende vestibular para Direito em Nova Cruz

Os estudantes do município de Nova Cruz, localizado a 93 km de Natal, foram surpreendidos ao verificar o edital do vestibular 2011 da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), no último dia 31 de agosto: depois de cerca de quatro anos, o curso de Direito não abrirá vagas no núcleo, que, agora, contará apenas com a oferta para Ciências da Computação.

De acordo com o coordenador Francinaldo Matias, o núcleo não foi avisado da mudança antes da publicação do edital. O professor explicou, ainda, que iniciou-se ontem as aulas para a última turma de Direito, com 40 alunos. E acrescentou um dado preocupante: dos 160 alunos que ingressaram de 2006 a 2009, 77 realizaram transferência para estudar em Natal. 

“Se há esse esvaziamento, isso deve ser combatido de outra forma, sem prejuízo para os moradores da cidade e de toda a região que querem uma boa formação de nível superior”, reclamou o coordenador. Ele explicou também que o núcleo é fruto de um convênio firmado entre a Uern e a prefeitura local, desde a gestão passada. 

A assessoria de comunicação da universidade informou, em nota por e-mail, que a instituição tentou marcar várias reuniões com o prefeito Flávio Azevedo, mas o encontro não aconteceu. Ainda segundo a nota, a prefeitura não estaria cumprindo sua contrapartida para que o curso fosse viabilizado no núcleo: oferta e manutenção da infraestrutura (espaço-físico, equipamentos, custeio e pessoal de apoio técnico-administrativo) necessária.


De acordo com a Uern, a prefeitura também não ofereceu as condições inerentes ao funcionamento de um Núcleo de Prática Jurídica, “essencial para a formação dos estudantes de Direito”. Por fim, a assessoria informou que a política dos núcleos avançados da instituição em cidades do interior do Rio Grande do Norte prevê a rotatividade dos cursos ofertados, de acordo com as condições oferecidas e a necessidade do mercado de trabalho local.

O chefe de gabinete da prefeitura de Nova Cruz, Sérgio Pimentel, contestou a nota, dizendo que Flávio Azevedo foi convidado a participar de uma reunião apenas uma vez, porém, na ocasião, não pôde ir ao encontro em virtude da morte de seu pai. Além disso, Sérgio afirmou ter conhecimento de que a decisão já estaria tomada antes de qualquer conversa. O chefe de gabinete também negou que a prefeitura esteja descumprindo com o que foi acordado no convênio, inclusive com relação ao Núcleo de Prática Jurídica.
Por Gabriela Olivar, da redação do Diário de Natal

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