PMDB não se sente representado pelas indicações de Teixeira e Leonardo Rego
As nomeações de Junior Teixeira (PMDB) para secretário da Agricultura e de Leonardo Rego (DEM) para secretário dos Recursos Hídricos foram publicadas na edição de hoje do Diário Oficial do Estado. As nomeações são resultado de ao menos seis reuniões do chamado conselho político do governo do Estado. A primeira reunião do conselho aconteceu em 25 de fevereiro. A última, neste sábado, dia 16 de março. Em entrevista ao Jornal de Hoje, o deputado estadual Nélter Queiroz (PMDB) afirmou esta manhã que as nomeações não contam com o seu respaldo enquanto peemedebista. Ele afirma que, como partidário, não foi ouvido sobre elas. E que o PMDB, de uma forma geral, sequer foi ouvido. “Como partidário não fui ouvido, mas respeito. Não fui ouvido como parlamentar do partido. O PMDB não indicou (esses nomes) porque não foi ouvido”, afirmou.
Segundo Nélter Queiroz, o PMDB não se reuniu para discutir as indicações de Junior Teixeira e Leonardo Rego. Ele ressaltou que a indicação de Leonardo Rego, filho do líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado estadual Getúlio Rego (DEM), jamais seria uma indicação do PMDB ou do seu presidente Henrique Alves. Ainda segundo Nélter Queiroz, a própria indicação de Júnior Teixeira, que é do PMDB, também não conta com o seu respaldo. “Não houve reunião nenhuma. Respeito os nomes, mas acho que Henrique indicar um nome do DEM, não foi Henrique. Nem em relação a Junior Teixeira nem a ninguém. Nem conheço Júnior como filiado do PMDB, não sabia nem que era filiado do PMDB”, disse Nélter Queiroz.
Instado a dizer se aprovava os nomes de Teixeira e de Rego, o deputado peemedebista Nélter Queiros declarou ainda: “Eu não tenho que aprovar os nomes. Até porque não votei na governadora e o que nós devemos é torcer para que o governo se desdobre, funcione, passe para a prática”, ressaltou o parlamentar seridoense. “Eu não acredito que pior vá ficar, acho que vai melhorar. Mas, só se pode julgar esperando”, afirmou ele ainda, descrente em relação ao governo Rosalba Ciarlini.
MAIS INSATISFAÇÃO
Já o ex-presidente do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), ex-deputado estadual Elias Fernandes, deixou a condição de cotado para secretário de Recursos Hídricos para preterido e, pior: prejudicado politicamente. A não confirmação do seu nome para gerir o setor de recursos hídricos, como vinha sendo cogitado, terminou pior para ele e seu grupo político em Pau dos Ferros do que se poderia imaginar. Quem terminou sendo indicado e nomeado foi seu adversário político, o ex-prefeito de Pau dos Ferros Leonardo Rego (DEM).
Indagado esta manhã se havia ficado satisfeito com a escolha de Leonardo, Elias disse que, “politicamente, não”. Isso se deve ao fato de que, em Pau dos Ferros, os grupos dele e de Rego são adversários ferrenhos. Elias Fernandes e o seu filho, o deputado estadual Gustavo Fernandes (PMDB), são tradicionais adversários de Leonardo Rego e o seu pai, o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado estadual Getúlio Rego (DEM).
“Quanto à escolha de Leonardo, lá em Pau dos Ferros nós somos de posição contrária, não apoiamos o sucessor dele, fazemos oposição ao sistema político dele e, evidentemente, foi uma decisão pessoal da governadora”, disse Elias.
Instado a falar sobre o fato de que tinha sido preterido, Elias Fernandes respondeu com uma indagação: “E o DEM não é partido aliado?. Então tem também direito a indicar. Como o PMDB tem também direito indicar. Ninguém quer disputar espaço. Cada um tem seu espaço e a decisão é da governadora”, declarou.
Elias esclarece que é secretário-geral do PMDB no Rio Grande do Norte e que, embora seu nome tenha sido citado, “nunca, em nenhum momento, foi ventilado da parte de Henrique nomes de a, b ou c, para secretário de Recursos Hídricos. Meu nome ventilado, mas não procurei, porque, até bem pouco tempo, fui diretor do DNOCS, e a questão política quem conduz é Gustavo”.
Ele confirma, entretanto, que a pasta de Recursos Hídricos estava sendo posta entre os nomes de espaços pleiteados pelo PMDB. “Estava entre os nomes, como Agricultura. Mas a reunião era dos aliados. Têm também os espaços do João Maia, presidente do PR, têm também direito a indicar”, afirmou. Ainda em meio à discussão de abertura de espaços por parte do governo, haveria a possibilidade de os aliados indicarem ainda cargos para a Caern, DETRAN e Emater.
Teixeira: “Se não tiver ajuda não tenho interesse em permanecer”
O novo secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca, Júnior Teixeira, afirmou hoje que se não tiver a ajuda do governo federal e a atenção do governo do Estado, ele próprio não tem interesse em permanecer como secretário. “O que me motiva a assumir esse cargo hoje é ter a consciência de que eu posso mobilizar o setor produtivo, que eu posso contar com a ajuda do governo federal, do governo do estado, para essa contribuição. Se não se consolidar tudo isso, não há, da minha parte, o interesse de permanecer nessa secretaria”.
Ex-prefeito de Serrinha, peemedebista, Júnior Teixeira assume o posto por indicação do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves. A indicação do agropecuarista contaria ainda com o aval do ministro da Previdência Garibaldi Filho. Teixeira chegou a recusar o convite, mas diante do apelo de Henrique e da formalização por parte da governadora, ele terminou aceitando.
No último domingo, ele conversou pessoalmente com Rosalba. “Já conversamos, domingo passado. Foi uma conversa preliminar, logicamente porque eu preciso ter conhecimento da estrutura da secretaria, dos problemas da secretaria, dos convênios da secretaria, da questão interna. Mas coloquei para a governadora que tenho consciência que nenhum projeto da secretaria poderá se concretizar se primeiro nós não tivermos organizado a área administrativa dessa secretaria. Portanto, inicialmente pretendo fazer esse diagnóstico da secretaria e colocar uma equipe para fazer com que os projetos possam acontecer, para que a agropecuária do estado possa ter projetos concretos”, disse ele hoje, em entrevista ao Jornal da Cidade, da FM 94.
Júnior Teixeira substitui Orlando Procópio, que vinha ocupando o cargo interinamente desde o ano passado, quando da exoneração de Betinho Rosado. Irmão do secretário chefe do gabinete civil, Carlos Augusto Rosado, Betinho resolveu retomar seu mandato na Câmara Federal, de onde havia se licenciado em 2011 para integrar o primeiro escalão governamental.
Ainda em sua entrevista, o novo secretário disse que terá total liberdade. Mudanças não estão descartadas em órgãos como Emparn e Idiarn. “Lógico que nós temos que fazer algumas mudanças, mas podem ser mudanças que sejam dentro do campo que cabe à secretaria. Nós queremos formar uma equipe com pessoas que conheçam, que gostem e queiram trabalhar, para fazermos um trabalho diferenciado”, observou.
Teixeira não confirmou que o programa do leite será administrado por ele, uma vez que se discute ainda a possibilidade dele vir a ser administrado pela Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social. “A minha permanência na secretaria de agricultura depende dos resultados que a gente possa fazer acontecer. Então, para isso a gente tem que escolher as pessoas certas, que conheçam e que queiram trabalhar”.
Perguntas:
Quais seriam as prioridades do seu trabalho, as frentes de atuação?
A seca já provocou um grande estrago na nossa economia, principalmente no setor agropecuário. Então, o que nós temos que fazer é manter o que ainda existe e todas as ações passam por várias esferas. Primeiro, o setor produtivo. Nós temos que ter ações junto aos produtores para que eles possam gerenciar o que há nas suas propriedades e para que aconteça isso há a necessidade de um crédito desburocratizado de emergência. Nós estamos em uma situação muito grave, porque além da alimentação para os animais, agora começa a faltar água para a população. Então, essa é uma situação em que se deva colocar todas as forças institucionais para resolver esse problema. É isso o que eu quero, juntar essas forças do setor produtivo, as instituições do RN, nas esferas estadual e federal, para podermos dar início ao combate aos efeitos da seca e minimizarmos, daqui para a frente, esses estragos, que já aconteceram e esses são irrecuperáveis.
O senhor terá apoio do governo federal?
Total apoio e essa foi uma das condições para que eu pudesse aceitar. Estou assumindo esse cargo, não é a questão do poder, não é a questão do salário, que me move a conseguir fazer algo, ajudar o RN. Eu sozinho não posso fazer isso, para poder fazer, tenho que ter ajuda, não só do deputado Henrique, mas de toda a bancada federal, todos os deputados estaduais – inclusive a maioria deles é ligada ao setor produtivo. O deputado Ricardo Motta, iniciamos já uma parceria com a Anorc, que é um trabalho de grande importância para o setor, porque institucionalmente nós vamos tentar mudar essa questão do crédito, dar opções para recursos hídricos. Então, existe um grupo que irá fazer esse trabalho e isso será de grande importância para dar subsídios à busca de soluções.
Fonte:Portal Jornal de Hoje/RN