Governo federal mapeia infidelidade partidária no Congresso

Do PP ao PMDB, aliados votam contra Dilma nas duas Casas

POR SIMONE IGLESIAS

BRASÍLIA — O governo concluiu levantamento de todas as votações que ocorreram na Câmara e no Senado no 1º semestre, mapeando como vêm se comportando os nove partidos que integraram a chapa à reeleição da presidente Dilma: PT, PMDB, PCdoB, PDT, PP, PSD, PR, PRB e PROS. O resultado mostra um alto índice de infidelidade dos aliados.

O Planalto se surpreendeu com duas situações: os desempenhos do PP na Câmara, que comanda um dos maiores ministérios da Esplanada, a Integração Nacional; e do PRB no Senado, cujo único representante é Marcelo Crivella (RJ), que foi ministro de Dilma e participou da indicação de George Hilton para o Esporte. O governo passará a usar o levantamento para “balizar” a relação com os aliados.

— A partir desses índices, vamos conversar com os deputados e dirigentes dos partidos porque é preciso elevar, muito, em alguns casos, as médias de apoio ao governo — disse uma fonte.

Os deputados progressistas são os que menos votaram a favor do governo, traindo em 56,53% dos casos. No pacote do ajuste fiscal e depois de intensas negociações de cargos entre o Executivo e aliados, o índice é menos pior, 55,64%, mas ainda assim considerado um desastre por integrantes do governo. Crivella votou contra o governo em 78,12% dos projetos. Nas medidas de ajuste, traiu em 66,67%, levando o PRB a ter o maior índice de traição entre os partidos aliados.

Ex-ministro e candidato ao governo do Rio no ano passado, Crivella teve o apoio de Dilma na eleição. Mas a posição de Crivella não deverá levar ao rompimento com Dilma ou eventual saída do governo. Um senador próximo a ele disse que Crivella mudou de postura por orientação de seu eleitorado, considerado “conservador”.

— O eleitor do Crivella é contra o governo, mas ele não deverá romper porque tem uma ótima relação com a presidente.

Representante do PP foi procurado, mas não foi encontrado.

PEEMEBISTAS ENQUADRADOS

Plenário da câmara durante Sessão Deliberativa Extraordinária – Givaldo Barbosa / Agência O Globo

O comprometimento do PMDB nas duas Casas é motivo de preocupação. Os deputados peemedebistas são os terceiros mais infiéis, atrás do PP e do PDT, que vive no permanente dilema de ficar ou sair do governo. Partido do vice, Michel Temer, e com sete ministros, os senadores do PMDB traíram o Planalto em mais da metade das votações: 52,33%. Os deputados foram levemente mais fiéis. Opuseram-se em 43,88% das votações.

O mapa deixa evidente que os peemedebistas foram enquadrados na votação do pacote do ajuste fiscal. Na Câmara, 31,12% votaram contra as medidas de Joaquim Levy (Fazenda). No Senado, a traição foi de 23,53%. O aumento do apoio dos peemedebistas coincide com a entrada de Temer e do ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) na articulação política e com o destravamento de nomeações para correligionários em estatais e no 2º escalão.

Na Câmara e no Senado, o PDT é o 2º menos fiel. Dilma é egressa do partido, que tem um ministro, Manoel Dias (Trabalho).

No Senado, onde a relação com o governo piorou bastante do 1º mandato de Dilma para o atual, os índices de traição variam de 78,12% a 40,62%, enquanto, na Câmara, a situação é mais favorável ao governo. Os percentuais vão de 56,53% de infidelidade no pior caso, a 22,7% no partido mais fiel. (Colaborou: Washington Luiz).

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