Temer sai do “varejo” da articulação política do governo

Vice permanece, porém, na coordenação dos “grandes temas” com o Congresso

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O vice-presidente Michel Temer não cuidará mais da negociação de cargos e emendas parlamentares. Em reunião com a presidente Dilma Rousseff, nesta segunda-feira, ficou decidido que o vice vai se dedicar agora aos “grandes temas” envolvendo a relação do governo com o Congresso, deixando o “varejo” da articulação política.

ilma chegou a fazer um apelo para que Temer e o titular da Aviação Civil, Eliseu Padilha, permanecessem com as mesmas tarefas, uma vez que a crise ainda é aguda. “Eu não quero mudança na articulação política”, disse a presidente, na reunião de coordenação do governo.

Temer argumentou, no entanto, que era preciso um novo desenho na articulação com o Congresso. O acerto foi, então, que o vice não ficará mais à frente das negociações de cargos e da liberação de emendas parlamentares. Esse dia a dia será tocado, até o início de setembro, pelo ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha. Depois disso, haverá outro arranjo na Secretaria de Relações Institucionais, hoje vinculada à Vice Presidência.

Tanto Temer quanto Padilha tiveram embates com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por causa da liberação de verbas para emendas parlamentares. O vice também se desentendeu com o titular da Fazenda na negociação em torno do projeto que revê a política de desoneração da folha de pagamento das empresas.

Dilma se reuniu separadamente com Temer, Padilha e o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, nesta segunda-feira (24), por cerca de uma hora, depois da reunião de coordenação. Ficou acertado que o vice vai concentrar as atenções em “grandes temas”, como o diálogo com o Congresso para reformas e reuniões com líderes do governo para garantir a aprovação de projetos de interesse do Planalto.

“O Temer é muito hábil, o governo não abre mão dele”, disse um auxiliar direto da presidente Dilma à reportagem.

Unificação. Temer assumiu a articulação política do Planalto com o Congresso em abril deste ano, em meio ao aprofundamento da crise política. Na última sexta-feira (21), o vice se reuniu com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que pressiona pelo rompimento do PMDB com o governo.

Não é de hoje que Temer tem manifestado o desejo de deixar a articulação política, por causa dos desgastes enfrentados no relacionamento com Dilma, Levy e com o próprio PMDB. Além disso, em conversas reservadas, Temer disse se ressentir de uma “articulação paralela” feita por Mercadante e pelo assessor especial da Presidência, Giles Azevedo.

O clima entre Dilma e Temer se deteriorou depois de o vice declarar, no início do mês, que “é preciso alguém com capacidade de reunificar a todos”. A frase foi interpretada no Planalto como uma tentativa de Temer assumir maior protagonismo político, no  momento em que Dilma sofre ameaças de impeachment.

No dia 7 de agosto, o vice chegou a usar a sua conta pessoal no microblog Twitter para negar rumores de seu afastamento da articulação política. “São infundados os boatos de que deixei a articulação política. Continuo. Tenho responsabilidades com meu País e com a presidente Dilma”, escreveu Temer, na ocasião. De lá para cá, porém, a situação piorou e o vice se sentiu cada vez mais desprestigiado.

Depois da reunião de coordenação desta segunda-feira, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, fez elogios à conduta do Temer. “O vice é um colaborador permanente da presidente e tem tido uma conduta muito correta, muito solidário ao governo, a ela”, afirmou Kassab, na tentativa de desfazer o mal estar.

Fonte:Revista ISTOÉ

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