Eduardo Cunha teme cair na mão do juiz Moro

Eduardo Cunha ao lado da mulher, a jornalista Cláudia Cruz; abaixo, a filha do deputado, Danielle

A autoconfiança de Eduardo Cunha vai cedendo espaço à inquietação. Crivado de denúncias, o presidente da Câmara rumina dois temores, informam seus amigos. O primeiro é o receio de perder o mandato e migrar do STF para as mãos do juiz Sérgio Moro, em Curitiba. O segundo é o medo de ver a mulher, Claudia Cruz, e a filha, Danielle Cunha, hostilizadas em público e condenadas pela Justiça.

A prioridade de Cunha passou a ser manter o pescoço grudado à cabeça na Câmara. Avalia que, se seu mandato for cassado, pode ter um destino de André Vargas —referência ao ex-deputado petista André Vargas, cuja carreira política foi fulminada pela Lava Jato. Pilhado mantendo relações monetárias com o doleiro Alberto Youssef, Vargas teve o mandato passado na lâmina e migrou do foro privilegiado do STF para a primeira instância do Judiciário.

Alcançado pelo juiz Sérgio Moro, Vargas foi preso e já arrostou sua primeira condenação por corrupção e lavagem de dinheiro: 14 anos de prisão, em regime inicialmente fechado. Num sentimento compartilhado com alguns aliados, Cunha acredita que, sem mandato, será tratado por Moro de forma ainda mais inclemente. Uma eventual cassação levará para o primeiro grau da Justiça também a mulher e a filha de Cunha.

A pedido do procurador Rodrigo Janot, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, autorizou investigações também contra Cláudia Cruz e Danielle Cunha. Daí o receio de Cunha. Documentos enviados pela Promotoria da Suíça à Procuradoria da República comprovam que a mulher de Cunha era beneficiária de uma das contas secretas abertas pelo marido na Suíça. A filha do deputado era dependente no uso de um cartão de crédito vinculado à conta que armazenava dinheiro de má origem.

Até a semana passada, Cunha posava de valente. Dizia que não perderia o mandato nem deixaria o comando da Câmara. A divulgação do papelório que confirma a existências das contas bancárias que o deputado dizia não possuir na Suíça deixou-o em situação tão precária que os aliados o aconselham a abdicar da Presidência para tentar salvar pelo menos o mandato.

Fonte:Blog do Josias de Souza

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