‘Duvidam da nossa formação’, diz médico cubano que revalidou diploma no Brasil
Osmany Garbey Charadan, de 37 anos, casou com brasileira e já tem um filho no país. Fora do programa Mais Médicos desde 2016, ele afirma que está preocupado com população.
Por Igor Jácome, G1 RN
Médico cubano Osmany Garbey Charadan, de 37 anos, com a esposa e o filho brasileiros em viagem a Gramado, RS — Foto: Cedida
O Ministério da Saúde de Cuba divulgou, nesta quarta-feira (14), a decisão de não fazer mais parte do programa Mais Médicos porque mudanças anunciadas pelo novo governo brasileiro descumpririam as garantias acordadas desde o início do projeto, há cinco anos.
Osmany chegou ao país logo após o lançamento do programa e deixou o Mais Médicos em 2016, quando se casou com a potiguar Merley Maria Charadan, de 23 anos. O casal tem um filho de 1 ano e 9 meses. Desde então, revalidou o seu diploma, trabalha no Programa Saúde da Família (PSF) no município de Serra de São Bento e faz plantões na rede pública, em outras cidades potiguares. Atualmente, também faz uma pós-graduação em Pernambuco.
“Não sei quantos (médicos) vão ficar no Brasil. Depende dos projetos de cada um, muitos têm filhos, família. Eu vim em uma situação diferente, era solteiro e não pensava em ficar. Eu sabia que o programa não era para sempre. Mas conheci minha esposa, me apaixonei”, disse.
Dúvidas
Apesar de não fazer mais parte do Mais Médicos, o profissional considera que as dúvidas do governo quanto à formação dos cubanos não são válidas. Ele afirma que todos os médicos têm formação de seis anos e mais dois anos de residência, com especialidade em medicina familiar.
“O presidente fala mal dos médicos cubanos, duvidam de nossa formação. Os 8 mil e poucos médicos cubanos que estão ainda no programa todos são especialistas em medicina familiar, com mais de 5 anos de experiência, e todos trabalharam em algum momento fora de Cuba, têm experiência internacional”, afirmou.