Apenas 25% dos jovens de 18 a 30 anos fazem controle financeiro
Pesquisa revela endividamento recorde da chamada Geração Z
Por Dimas Soldi – Repórter da São Paulo
As justificativas para a falta de controle das finanças vão de não saber fazer (19%) à preguiça (18%), falta de hábito ou disciplina (18%) e não ter rendimentos (16%). Os dados revelam um endividamento recorde dos mais jovens, diz a economista-chefe do SPC Brasil Marcela Kawauti.
“As principais dívidas são as tradicionais, e o cartão de crédito ainda é muito presente. Vale lembrar que, nessa fase da vida, o cartão de crédito provavelmente é usado para pagamento de contas do dia a dia, e não de contas básicas”, destaca Marcela. “Então, esse jovem também se endivida com coisas que ele não deveria pagar a prazo, e sim à vista.”
A estudante de publicidade Jhulia Costa, de 18 anos, que mora em São Paulo e começou a fazer estágio, tem cartão de crédito com limite que ela própria considera alto, e já está endividada. Jhulia conta que resolveu fazer compras e depois não conseguiu pagar a fatura do cartão em dia. A dívida rapidamente passou de R$ 900 para R$ 1.500.
“É aquela coisa do jovem: quer comprar aquilo e aí, no final do mês, não tem como pagar. Eu saí comprando roupa, coisas para cabelo…”, lembra a estudante, que pretende pagar o que deve o mais rápido possível. “Eu vou ter que sentar e fazer uma planilha de gastos, para ver o que consigo cortar no momento e, até o final do ano, para pagar essa dívida. Estou me controlando, já deixei o cartão, bloqueei, cancelei tudo, agora, só débito.”
Marcela Kawauti considera a falta de educação financeira um grande problema. “Mesmo entre os mais jovens, o problema da educação financeira é muito forte. Apesar de estarem na vanguarda, terem mais apetite por tecnologia, ainda tem meios tradicionais de se endividar, e meios tradicionais de controlar ou deixar de controlar o seu orçamento, principalmente porque falta educação financeira para eles”, diz a economista.
Para ajudar a evitar dívidas, existem várias estratégias. Um serviço por aplicativo, inédito no brasil, antecipa o salário dos dias trabalhados, mediante acordo prévio com a empresa. O valor cai direto na conta do usuário. Não há cobrança de juros, apenas uma tarifa de R$ 9 para receber antes qualquer valor.
Empresas desse tipo são comuns nos Estados Unidos e agora estão chegando ao Brasil. Uma delas é a Xerpay e tem o americano John Delaney como COO em São Paulo. COO é a sigla inglesa de chief operating officer, cujo significado é diretor de operações ou executivo-chefe de operações, uma espécie de braço direito do CEO, diretor executivo ou presidente de uma organização. O COO é o responsável pela gestão das operações da empresa no dia a dia, realizando um acompanhamento rotineiro e eficiente do negócio e reportando todas as operações da empresa ao diretor executivo.
Segundo Delaney, é mais vantajoso antecipar o salário a fazer um empréstimo para quitar uma dívida. “É muito mais barato antecipar o salário que o colaborador já ganhou que contratar um crédito no mercado tradicional, em que a pessoa paga juros altos, sobretudo no atual cenário brasileiro. E também tem a questão da inadimplência: se você não pagar o valor devido, acaba tendo mais encargos e multas e despesas.”
Quando o assunto é evitar o endividamento, cada um tem seu jeito. O do estudante de marketing Vitor Freitas, de 18 anos, é manter uma boa disciplina financeira. “Não tenho cartão de crédito, não tenho nada. Decisão minha. Tem que saber usar, não é? No momento, eu prefiro não ter. Deixo tudo organizadinho em uma planilha, deixo lá no meu computador, e vou organizando”, explica Vitor.
O SPC Brasil recomenda aos jovens colocar a vida financeira como prioridade. “O jovem endividado deve aproveitar que ele tem menos responsabilidades financeiras e colocar a vida financeira como prioridade. anotar todos os gastos e toda a renda que ele tem, e direcionar esses gastos ao pagamento da dívida. É importante que a dívida seja paga o quanto antes para evitar cobrança de juros”, ressalta a empresa.