Professor da UFRN que estuda os caminhos do coronavírus diz que sem testes aleatórios para perseguir o vírus a pandemia não vai acabar

O professor do setor de Transporte e Logística da UFRN, Rubens Ramos, que vem estudando os caminhos do coronavírus desde o início da pandemia. Entregou aos secretários de saúde da Prefeitura de Natal e do Governo do Estado, um levantamento que mostra um retrato do avanço do coronavírus nas capitais do Nordeste.

O primeiro gráfico mostra os estados do Nordeste há um mês, exatamente em 6 de abril.

Segundo Ramos, tudo parecia controlável.

“O que eram 24, 16 mortos em Fortaleza, Recife? João Pessoa parecia bem. São Luís também. Mas em 30 dias algumas capitais se transformaram em um inferno sem controle, como veremos nos dados dessa sexta, 8 de maio, apenas um mês depois.

“Fortaleza, Recife e São Luís entraram em um inferno que será difícil sair. Maceió e João Pessoa caminham a passos largos para isso. Teresina, Natal e Aracaju ainda estão se segurando. Até quando?”, questiona o professor que perdeu o pai para a covid-19 no domingo de Páscoa. Morreu em Fortaleza, onde morava.

Para o pesquisador do vírus, “Natal está ainda em condição de evitar esse inferno, mas isso não vai durar indefinidamente. A continuarmos na atual estratégia de leitos e respiradores, que significa na prática deixar o vírus avançar para tratar os doentes, sem fazer busca ativa do vírus com testes aleatórios começando por áreas de maior incidência, identificação de casos e focos, e isolamento amplo de quarteirões ou até mesmo bairros inteiros, caminharemos seguramente para esse mesmo inferno”, alerta o professor, que só acredita em controle do vírus com a aplicação de testes.

“O tempo de agir está acabando, se esgotará rápido, como aconteceu com Fortaleza, Recife e São Luís. Natal tem hoje 17 óbitos. Um mês atrás, Recife tinha 16 e Fortaleza tinha 24. A meu ver, essa é a penúltima hora para começar e fazer 1.000 testes na população, e colocar em quarentena quarteirões inteiros. É essa semana, a semana 20”, alertou o professor.

De acordo com o estudioso, “a continuar nessa postura de deixar o vírus avançar, o Brasil tende a ter crescimento continuado, sem referência de pico”, disse o professor, questionado sobre a declaração do ministro da Saúde, Nelson Teich, que afirmou que o pico no Brasil poderia ocorrer em maio ou junho ou julho. “Nisso ele está certo, porque o vírus ainda está por se espalhar em Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Goiânia, Salvador…”.

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