João Maia na mira do fisco – deu no blog do Josias

João, o irmão de Agaciel, ‘esconde’ um avião do fisco
Na semana passada, soube-se que Agaciel Maia, o ex-mandachuva da administração do Senado, escondera a propriedade de uma mansão avaliada em R$ 5 milhões.

Nesta semana, descobre-se que o deputado federal João Maia (PR-RN), em cujo nome a supercasa de Agaciel fora registrada, também é adepto do esconde-esconde.

Arrastado às manchetes pela encrenca do irmão Agaciel, João Maia ganhou uma visibilidade que a ação parlamentar não lhe havia conferido.

Percorrendo o repentino rastro de luminosidade do deputado, o repórter Rodrigo Rangel descobriu que João Maia é um feliz proprietário de avião, um bimotor Sêneca.

A exemplo do que fizera com a mansão que assumira no lugar de Agaciel, João Maia esquivou-se de incluir o avião na declaração de bens que entregou à Justiça Eleitoral.

Inquirido a respeito, o deputado simulou surpresa: “Não está na minha declaração? Não acredito. Vou mandar retificar já, vou retificar”.

João Maia conta que comprou a aeronave antes de virar deputado. Uma razão a mais para que o aparelho constasse da lista patrimonial enviada à Justiça.

Segundo o deputado, o avião lhe custou R$ 488 mil. Adquiriu-o de uma distribuidora de petróleo. Pagou, segundo diz, por meio de “uma transferência bancária”.

E por que diabos a transação foi mantida à sombra? “A minha contadora, no Rio, vai ter de dizer o que houve”, disse o deputado na última quinta-feira (5).

Depois disso, João Maia não foi mais localizado pelo repórter Rodrigo Rangel. Noves fora o Sêneca, João Maia figura como sócio de várias empresas.

Uma delas, com sede na cidade potiguar de Caicó, o deputado pôs no nome de Maria Suerda Medeiros, sua funcionária.

Trata-se de uma emissora de rádio, a Caicó AM. A exploração de concessões raidofônicas é vedada a detentores de mandatos parlamentares. Nada que o esconde-esconde dos Maia não possa resolver.

Collor diz que agenda de Lula é continuação da sua

‘Eu não sou mais puro nem impuro do que ninguém’

‘Na vida pública, todos estamos sujeitos a percalços’
‘O PT enfrentou problemas sérios com o mensalão’
‘O Mercadante foi vitimado pelo caso dos aloprados’

Roosewelt Pinheiro/ABrDezessete anos depois de ter descido ao verbete da enciclopédia como um defunto político, Fernando Collor está de volta.

Retorna numa vitrine modesta: a presidência da comissão de Infraestrutura do Senado. Posto obtido em aliança com José Sarney, sob aplausos de Lula.

O mesmo Sarney a quem chamara de “ladrão”. O mesmo Lula que o tachara de “ladrão”. As ofensas são reduzidas por Collor a meras “circunstâncias históricas”.

Para justificar-se, puxa analogias do baú. Recorda que Carlos Lacerda, depois de personificar a retórica do ódio, viveu o seu instante de reconciliação com o alvo Juscelino Kubitschek.

Cita um clássico do gênero: as pazes que Luiz Carlos Prestes se permitiu fazer com Getúlio Vargas.

Sob Vargas, Prestes amargara nove anos de cárcere. Sua mulher, Olga Benário, fora enviada à morte, na Alemanha nazista.

A despeito de tudo, em 1945, o líder comunista aderiu ao movimento pela permanência de Getúlio na presidência.

Presidente aos 40, Collor tornou-se ex-presidente aos 42. Hoje, com 59 anos, tenta consertar a biografia. Diz que gostaria de ter nascido na pele de Benjamin Button.

Vem a ser o personagem do último filme de Brad Pitt. Um sujeito que nasce com 80 anos e rejuvenesce à medida que o tempo passa.

De resto, sustenta que a agenda de Lula, como a de Fernando Henrique, não é senão uma continuação do programa do governo dele.

“Tudo o que estava preconizado naquela época vem sendo seguido por todos aqueles que vieram depois de mim…”

“…A questão da abertura, a busca do superávit da balança comercial, a inserção competitiva do Brasil no mercado internacional”.

Vai abaixo a entrevista, dividida em dois blocos:

– O que pretende fazer na comissão de Infraestrutura?
Transitam pela comissão, além das obras do PAC, o controle das agências regulatórias, o pré-sal… Ela é mais importante do que se imagina. Quero ter uma agenda e um programa de trabalho para o horizonte de tempo de dois anos.
– Que interferência a comissão terá nas obras do PAC?
Nosso papel é o de fiscalização. Desde que foi lançado o PAC, defendo a iniciativa com entusiasmo. Além dos investimentos e dos benefícios que trarão à população, muito mais importante é a iniciativa do governo de liderar o processo de desenvolvimento, como indutor. Leva a iniciativa privada a acordar.
– Acha que o PAC caminha bem?
Em algumas regiões as obras sofrem atrasos. Em outras elas estão adiantadas. Vamos acompanhar de perto a execução, ajudando a fazer andar. A oposição diz que o PAC é mera carta de intenções. Não é assim. As coisas estão caminhando.
– Já falou com a ministra Dilma Rousseff?
Liguei pra ela. Estava embarcando pra São Paulo. Solicitei audiência tão logo regresse. Quero levar ao conhecimento dela o programa de trabalho da comissão.
– Pretende encontrar-se com o presidente Lula?
Acho necessário. Não irei só. A bancada do PTB tem a intenção de solicitar uma audiência. Vamos, mais uma vez, reafirmar ao presidente o apoio do PTB.
– Como foi a articulação que o levou à presidência da comissão?
Começou lá atrás, na costura da candidatura do presidente Sarney. Desde o início, a coordenação das hostes do governo foi falha. Houve muitas falhas.
– Que falhas?
Dizia-se que havia um entendimento, firmado há dois anos. O PMDB presidiria a Câmara e o PT o Senado. A gente sabe que, em política, esses compromissos de antanho não costumam se consumar. Houve uma precipitação do PT.
– Tião Viana não deveria ter disputado?
Não entro no mérito da qualificação do candidato. Mas eles, que falaram tanto em respeito à proporcionalidade, deveriam ter verificado que cabe à maior bancada do Senado, no caso a do PMDB, indicar o presidente da Casa. O PT, de forma açodada, lançou a candidatura.
– Está dizendo que quem quebrou a praxe da proporcionalidade foi o PT?
Foi precisamente o PT. Nunca tive nenhuma dúvida de que o PMDB lançaria um candidato. Lançou o presidente Sarney, que superava os limites da sua bancada.
– Qual foi o papel do PTB nesse processo?
Nas conversas iniciais, optamos pela candidatura do presidente Sarney e, como todas as outras legendas, fomos buscar nosso espaço.

Escrito por Josias de Souza às 03h46

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