Deu blog do Josias
Eleição de 2010 será a mais disputada’, diz Serra
‘Qualquer candidato do PT é forte; é o partido do governo’
‘Ano que vem não há um candidato natural; favorito tem’
‘Depois do Lula, eu sou o mais bem avaliado do Brasil’
O presidenciável tucano José Serra participou da festa junina promovida pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra.
Na noite de sexta (12), ao chegar à fazenda do senador, no município pernambucano de Limoeiro, Serra relutou em falar aos jornalistas.
Alegou que fora a Pernambuco para um participar de uma festa, não para fazer política.
Perambulou entre os convidados, posou para fotos, servir-se de comidas típicas, cantou Baião, música de Luiz Gonzaga, ao lado do sanfoneiro Dominguinhos.
Depois, já na madrugada de sábado (13), Serra cedeu aos conselhos dos tucanos presentes e resolveu falar aos repórteres.
No vídeo lá do alto, há um trecho da conversa, levada ao ar no blog político do diário pernambucano Jornal do Commercio.
Serra disse que a disputa presidencial de 2010 será a mais disputa desde o restabelecimento das eleições diretas.
Disse que não há um “candidato natural”. Acrescentou: “Favorito até que tem”. Ele próprio? “Isso você só não pode dizer que fui eu que falei”.
Vão abaixo as principais declarações do candidato:
– As críticas de aliados sobre a palidez da campanha tucana: O governo de São Paulo é muito complexo […]. É um Estado grande e e complexo. Não é fácil você ficar viajando. Por outro lado, acho que a corrida eleitoral foi muito antecipada. Não tem porque a gente entrar nessa antecipação. Agora, sempre que eu posso, eu viajo. Tenho ido, com razoável frequência, fora de São Paulo. Na média, a cada dez dias eu tenho viajado. É que às vezes, o Brasil é grande, e não parece.
– Disputa prévia com Aécio Neves: O PSDB só vai resolver mesmo em fevereiro. Janeiro, fevereiro e março do ano que vem. É muito cedo para antecipar qualquer coisa. Ou vai ser uma escolha por consenso ou, se tiver aresta, vamos aparar a aresta. O que não vai ter é divisão. Isso eu asseguro, sinceramente. Estou falando sinceramente.
– Pesquisas: É muito cedo ainda para que a pesquisa possa dar alguma coisa conclusiva […]. O que é que eu presto atenção em pesquisa? É na avaliação que a população tem da minha atuação como homem público. Isso é o mais importante. De tudo o que eu vejo nas pesquisas, depois do Lula, eu sou o mais bem avaliado do Brasil. Não é tanto o problema de intenção de voto. É a avaliação positiva. Eu acho isso ótimo, porque estou afastado do cenário nacional desde 2002. Não tive nenhum cargo nacional, nem estou presente na mídia nacional. Portanto é uma avaliação boa. Acho que isso se deve à minha atuação passada. No ministério da Saúde, na autoria do [projeto] do seguro desemprego, no FAT. E o meu próprio desempenho em São Paulo acaba de alguma maneira irradiando.
– Prestígio entre os nordestinos: Quando eu vim [a Pernambuco] na campanha do ano passado, eu fui a uns quatro municípios e, no discurso, eu perguntava: ‘Quem tem parente em São Paulo?’ A grande maioria levantava a mão. É um Estado em que o pessoal está ligado. E eu tenho lá um enorme apoio entre as pessoas que vieram daqui ou da segunda geração. Primeira, segunda e terceira.
– Por que entoou Luiz Gonzaga? Eu sou de um bairro, em São Paulo, um bairro operário, a Mooca. Onde os Nordestinos chegavam era lá. Então, na escola, naquela época chamava jardim de infância, meus colegas, boa parte, eram do Nordeste. O que os professores ensinavam de músiva era daqui. Eu tenho um estoque, lembro perfeitamente.
– Fama de sisudo: Quem me conhece de perto sabe que sou bem humorado e tenho interesses que vão muito além de economia e política. Na vida, você tem a sua personalidade própria e a social. A personalidade social é feita pelos outros. Você não tem condições de exercer controle.
– Carisma: Eu não estou falando de carisma, que é uma coisa mais complexa. Em geral, quem tem carisma é quem ganha eleição. Ganhou a eleição, você tem carisma. Perdeu a eleição, não tem carisma. Em São Paulo, ninguém diz que eu não tenho carisma.
– Governo Lula: Vamos ter que fazer esse balanço mais para frente. Agora é indiscutível que o Lula tem uma popularidade imensa. A minha relação de governador com o presidente é boa, de cooperação.
– A força do PT e a disputa de 2010: Qualquer candidato do PT é forte. É o partido do governo. A eleição do ano que vem será a mais disputada desde que foram reestabelecidas as eleições diretas. Fernando Collor foi aquele fenômeno atípico. Fernando Henrique Cardoso ganhou e foi reeleito na esteira do Plano Real. Em 2002, eu fui bem, afinal de contas tive grande votação, mas estava claro que o país queria o Lula. No ano que vem não há um candidato natural. Favorito até que tem. Mas vai ser uma eleição mais disputada. E o Lula não vai ser candidato no ano que vem. Aí é que nós vamos ver!
– Considera-se favorito? Isso você só não pode dizer que fui eu que falei.