Senado – a situação de Sarney

Agripino: ‘Sarney tem de se licenciar da presidência’
Líder do DEM levará sua posição à bancada, nesta terça
Virgílio busca aval do tucanato para posição antiSarney
Lula cobra do PT apoio ‘claro’ ao presidente do Senado
Renan escora o aliado nas bancadas do PMDB e do PTB
Fotos: ABr e Ag.Senado
José Sarney perdeu o apoio de um de seus mais importantes aliados. José Agripino Maia, líder do DEM, quer vê-lo longe da cadeira de presidente do Senado.

Passou a defender a tese de que Sarney precisa se licenciar do cargo até que sejam esclarecidas todas as denúncias que rondam sua gestão.

“Gosto muito do Sarney, mas gosto muito mais do meu partido”, disse Agripino ao blog na noite passada.

“A credibilidade do partido perante a opinião publica está em jogo. Para que as investigações tenham o respeito da sociedade é preciso que sejam isentas…”

“…E a isenção só será obtida na hora em que o presidente Sarney pedir licença. Não há meio termo. Ele tem de se licenciar do cargo”.

Nesta terça (30), Agripino vai expor sua posição à bancada de senadores do DEM. Deseja converter a opinião pessoal em decisão formal do partido.

Excluído o líder, a bancada ‘demo’ congrega 13 senadores. É a segunda maior do Senado. Junto com PMDB e PTB, constitui o miolo da base que escora Sarney.

Tomado individualmente, o reposicionamento de Agripino é péssimo para Sarney.

Referendado pela maioria dos senadores ‘demos’ será o mais duro golpe contra a presidência de Sarney desde a eleição, em fevereiro.

Convertida em decisão A posição individual de Agripino representa duro golpe contra exposição exposição So perde para o PMDB, que tem 19.

A perspectiva de reviravolta vinha sendo esboçada desde que se descobriu, na semana passada, que um neto de Sarney agencia empréstimos no Senado.

Num primeiro momento, Agripino cobrara explicações. Sarney redigiu uma carta. Enviou-a aos 80 senadores. Mas seu alvo principal era o DEM.

No texto, Sarney anota que empresa Sarcris, do neto José Adriano Cordeiro Sarney, começou a operar no Senado quando ele ainda não ocupava a presidência.

Escreve que tomou a iniciativa de pedir à Polícia Federal que investigue o caso. Lorota. Em verdade, a PF já havia guindado o neto à condição de investigado.

Para desassessego de Sarney, Agripino considerou a carta insuficiente. Daí a cobrança do pedido de licença. Coisa breve.

“Sarney prestará um serviço à instituição na hora em que se licenciar, com o compromisso de que as investigações aconteçam num prazo célere…”

“…É peciso que as coisas se esclareçam, numa investigação que envolva também o Senado, o Ministério Público e o TCU…”

“…Esclarecendo-se tudo, com a rapidez que o caso exige, vai ficar claro se ele pode ou não voltar ao cargo”.

A hipótese da licença é, por ora, rejeitada por Sarney. É rechaçada também por Renan Calheiros, líder do PMDB.

Com a experiência de quem já viveu uma crise que lhe custou o cargo de presidente do Senado, Renan acha que, depois de uma licença, Sarney não volta à cadeira.

Renan administra os humores do PMDB –controla pelo menos 17 dos 19 senadores— e do PTB, dono de sete integrantes.

Além do DEM, PSDB e PT também reunirão suas bancadas nesta terça. Os temas, por incortonáveis, serão os mesmos: Sarney e a crise do Senado.

Depois de anunciar uma representação contra Sarney no Conselho de Ética, o líder tucano Arthur Virgílio tenta atrair a sua bancada para a sua cruzada.

Na noite passada, O líder tucano ruminava a expectativa de obter da maioria de seus liderados ao menos o apoio ao pedido de licença de Sarney.

Algo que, se vier a ocorrer, acomodará no comando do Senado o vice-presidente tucano do Senado Marconi Perilo (GO).

No PT, o líder Aloizio Mercadante vê-se compelido a sustentar a posição cobrada por Lula: apoio irrestrito a Sarney.

O presidente não quer nem ouvir falar na hipótese de saída do aliado, ainda que por meio de licença.

Primeiro porque não suporta a idéia de ver o Senado presidido pelo tucano Perilo, um dos denunciantes do mensalão.

Segundo porque receia que o infortúnio de Sarney prejudique a costura que visa atar o PMDB à candidatura presidencial de Dilma Rousseff.

Mercadante terá de torear um PT dividido. A bancada do partido soma 11 senadores. Pelo menos cinco levam o pé atrás em relação a Sarney.

São eles: Tião Viana (AC), Eduardo Suplicy (SP), Flávio Arns (PR), Paulo Paim (RS) e, em menor escala, Augusto Botelho (AP).

Para complicar, o PSOL protocola nesta terça a prometida representação contra Sarney.

A exemplo do que fez Virgílio, o partido presidido pela ex-senadora Heloisa Helena deseja arrastar Sarney para o Conselho de Ética. Junto com ele, dois ex-presidentes: Renan Calheiros e Garibaldi Alves.
Fonte:Escrito por Josias de Souza

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