PSDB e PT discutem papéis de FHC e Lula na eleição

  Folha
Em debates subterrâneos, PSDB e PT avaliam o peso de Fernando Henrique Cardoso e de Lula na eleição presidencial de 2010.
Um pedaço do tucanato passou a defender a efetiva participação de FHC na campanha de José Serra.
Uma ala do petismo receia que, no segundo turno, a overdose de Lula na propaganda eleitoral pode ser prejudicial a Dilma Rousseff.
No PSDB, o debate sobre a inconveniência de esconder FHC se escora num par de evidências.
Dois senadores tucanos eleitos no domingo (3) –Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e Paulo Bauer (PSDB-SC)— ousaram exibir FHC em suas propagandas.
Longe de prejudicar, afirmam os tucanos pró-resgate, a vinculação explícita com FHC teria contribuído para a eleição dos dois senadores.
O exemplo de Aloysio é mencionado com especial ênfase. Depois de frequentar as pesquisas com cara de azarão, o novo senador saiu das urnas como primeiro.
Obteve mais votos do que Marta Suplicy (PT-SP), a segunda colocada. E converteu o pagodeiro Netinho (PCdoB) de favorito em ex-futuro-quase-senador.
Por ora, a pregação não faz eco no comando de marketing da campanha tucana.
Alega-se que FHC pode até ajudar em âmbito estadual. Mas sua imagem, indicam as pesquisas internas, surtiria efeitos tóxicos em âmbito nacional.
No PT, o pedaço da legenda que se anima a pôr em dúvida o papel de Lula argumenta que, no segundo turno, deve-se expor mais a candidata do que o patrono dela.
Por quê? Serra vai reforçar a tática de instilar no eleitorado dúvidas quanto à capacidade de Dilma de governar o país e lidar com o PT.
A superdosagem de Lula, em vez de ajudar, terminaria por reforçar a pregação do inimigo. Daí a tese de que o ideal seria enfatizar as qualidades de Dilma.
Tomada pela entrevista que concedeu nesta segunda (4), Dilma mantém a disposição de esticar a corda do plebiscito, contrapondo Lula a FHC.
Em diálogos privados que manteve com ministros, Lula não soou como se desejasse refrear seus movimentos de cabo eleitoral.
Ao contrário, Lula aguarda com uma ponta de ansiedade pelo reinício da programação de campanha.
Deve regular suas viagens pelo mapa da eleição, priorizando os Estados onde o desempenho de Dilma revelou-se mais débil.
Assim, a aparição de FHC e a modulação da imagem de Lula dependem do convencimento dos comandos das duas campanhas e da disposição da dupla.
Se Lula quiser aparecer na TV e no rádio, não haverá vozes petistas capazes de detê-lo.
Quanto a FHC, como que rendido às evidências, prefere avocar para si a decisão que o condenou ao armário desde a sucessão de 2002:
“Eu decidi ser o oposto do presidente Lula. Ele está o dia inteiro querendo esmagar o adversário. Eu tenho minha torcida e não fico tentando chutar em gol”, disse.
“Desde que eu deixei a Presidência eu não participo diretamente das campanhas… Acho que não é próprio”.
Meia-verdade. Acionado, não hesitou em levar o rosto às campanhas dos senadores Aloysio Nunes Paulo Bauer.
Gravou mensagem também para Raul Jungmann (PPS), candidato derrotado a uma cadeira de senador por Pernambuco.

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