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Em Minas, Aécio busca virada para Serra

Ex-governador comanda ato com prefeitos mineiros, em ofensiva para fazer com que tucano supere Dilma no estado
Adriana Vasconcelos
Com o ex-governador e senador eleito Aécio Neves à frente, o PSDB mineiro organiza hoje um megaevento em Belo Horizonte. O objetivo é atrair para a campanha do presidenciável José Serra prefeitos que, no primeiro turno da eleição, pregaram o voto “Dilmasia” (na petista Dilma Rousseff, para a Presidência, e no tucano Antonio Anastasia, para o governo estadual) em Minas.
Com o governador Anastasia reeleito, Aécio pretende usar sua popularidade para reverter a vantagem de Dilma no estado.
Aliados de Aécio indicavam ontem que pesquisas internas teriam constatado que a diferença entre Dilma e Serra em Minas já teria caído para a mesma diferença registrada ontem pelo Ibope no cenário nacional (seis pontos).
Ontem à noite, Aécio disse que confia na vitória de Serra, e disse que vai sugerir a ele, hoje, que assuma compromisso com os prefeitos de estabelecer um índice de reajuste para os repasses do FPM, o Fundo de Participação dos Municípios.
– O presidente Lula, por ter um contato direto com a população, se preocupou pouco com as administrações municipais, disse Aécio.
– Minas, estado com um grande número de municípios, talvez seja o local adequado para ele incorporar esse chamamento e se comprometer com a recuperação do FPM.
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O 2º turno mais acirrado desde 1989

Henrique Gomes Batista
Nenhum segundo turno de eleição presidencial, desde 1989, começou tão disputado como o atual: seis pontos de vantagem de Dilma sobre Serra, segundo o Ibope.
O segundo turno de 1989, para o instituto, começou com Collor com 12 pontos de vantagem sobre Lula (50% a 38%). Mas a diferença caiu ao longo do tempo e a última pesquisa apontava Collor apenas um ponto à frente do petista, vantagem dentro da margem de erro. Collor venceu.
Em 1994 e 1998, Fernando Henrique ganhou no primeiro turno.
Já em 2002, a vantagem de Lula sobre Serra na primeira pesquisa Ibope do segundo turno era de 29 pontos (60 a 31) e foi para 22 pontos no último levantamento (58 a 36).
Em 2006, a diferença em favor de Lula sobre o tucano Geraldo Alckmin passou de 12 pontos (52 a 40), na primeira pesquisa, para 22 pontos (58 a 46), na última.
O Datafolha também indica o início do segundo turno mais disputado: sete pontos de vantagem para Dilma, mesmo patamar da primeira pesquisa de 2006.
Pelo instituto, em 1989 a vantagem de Collor sobre Lula começou em nove pontos (48 a 39) e terminou com três pontos (47 a 44 na última pesquisa).
Em 2002, a vantagem de Lula era de 26 pontos (58 a 32 sobre Serra), percentual que se manteve no último levantamento.
Já em 2006, a diferença era de sete pontos do petista sobre Alckmin, mas se alargou para 21 pontos na última pesquisa antes das eleições.

Presidente: 2010 não é 2002 e não é 2006

César Maia, ex-prefeito do Rio de Janeiro
1. No segundo turno da eleição presidencial de 2002, embora Lula não tenha alcançado os índices que ele mesmo alcançou em 2006 e Dilma em 2010, há uma diferença fundamental. Dois fortes candidatos que somaram mais de 20% dos votos, e que tinham expressão regional e nacional, apoiaram abertamente Lula no segundo turno: Garotinho e Ciro Gomes. Dado o perfil de ambos, a indução ao voto convergia com o perfil de Lula.
2. No segundo turno de 2006, embora a diferença de Lula para Alckmin tenha sido bem menor, a tertius – Heloisa Helena – teve apenas 6%, e a origem de seus votos estava à esquerda de Lula. Por isso, o segundo turno de 2006 abriu com Lula radicalizando à esquerda com um discurso demagógico fortemente estatizante, acusando seu adversário do contrário.
3. Agora, em 2010, a tertius – Marina Silva – obteve votação expressiva de 20%. Mas a origem de seus votos é dicotômica: 50% de voto “politicamente correto”. Não necessariamente à esquerda. Por exemplo, o voto ético. E 50% de voto conservador que saiu da Dilma em função de valores cristãos. Com isso, Serra tem capacidade de atrair pelo menos metade do “voto politicamente correto” e 100% do voto conservador de Marina. Ou seja: 15 pontos.
4. Como os 42% de Marina (sobre o total de eleitores que compareceram a urna em 3 de outubro) não são ideológicos, mas pragmáticos em boa medida, e além disso a abstenção e votos brancos/nulos somaram 27%, o segundo turno de 2010 está em aberto. Até que se avalie o poder de atração de Serra.
Fonte:Blog Ricardo Noblat

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