Entrevista da deputada estadual Gesane Marinho no Diário de Natal/Poti

Entrevista Gesane Marinho
Allan Darlyson // [email protected] 

“As portas do PSD estão abertas para Rosalba”

(PSD), a deputada estadual Gesane Marinho Futura integrante do Partido Social Democrático
afirmou, em entrevista a O Poti/ Diário de Natal,
que o PSD está de portas abertas para receber a
governadora Rosalba Ciarlini (DEM). Segundo ela,
a democrata será bem recebida, caso opte por
se filiar à nova sigla. A deputada disse que o
partido surgirá com seis deputados estaduais
no Rio Grande do Norte. Ela, Raimundo Fernandes,
 Ricardo Motta, José Dias e Vivaldo Costa já
confirmaram que se filiarão à nova legenda.
O sexto nome é o do deputado Gustavo Carvalho
(PSB). Gesane disse que o ingresso dele no PSD
está praticamente acertado. A parlamentar
também se colocou à disposição do partido para
disputar a prefeitura de Natal nas eleições do próximo ano. Líder do PMN
na Assembleia Legislativa e presidente do partido em Natal, Marinho
disse que não sabe se assumirá as mesmas funções no PSD,
mas externou desejo de permanecer com as mesmas atribuições.

Hoje, a senhora é a líder do PMN na Assembleia Legislativa. Na transição 
para o PSD, o seu grupo ganhará pelo menos dois deputados estaduais, 
José Dias – atualmente no PMDB – e Vivaldo Costa – ainda no PR. 
A senhora permanecerá na liderança da bancada do grupo liderado 
pelo vice-governador Robinson Faria (PSD) na Assembleia?
Vamos reunir o partido para tomar essas decisões. A tendência é que
meu nome continue. Mas não há uma certeza. Até porque não iremos
receber somente Vivaldo e José Dias. Iremos receber
também o deputado estadual Gustavo Carvalho.

Já está confirmada a ida de Gustavo Carvalho para o PSD?
A ida dele é praticamente certa. Hoje, nosso grupo tem três deputados,
eu, Ricardo Motta e Raimundo Fernandes. Com a chegada de mais três,
passaremos a ser a maior bancada da Assembleia Legislativa, ultrapassando
a do PMDB. Não posso confirmar ainda se permanecerei na liderança porque
teremos que unir esses três novos deputados que estão chegando.

A senhora abriria mão da liderança para acomodar novos membros 
do grupo?
Em nome do consenso, eu abriria mão. Até porque eu acho que a
liderança deve acontecer em forma de rodízio. Tanto é que na legislatura
passada o último ano foi liderado por Raimundo Fernandes. Ele mesmo
lançou meu nome neste ano. É uma forma de atender os demais colegas.
Na legislatura passada eu fiz parte da mesa. Nessa já não estou. Então há
esse rodízio.

O vice-governador Robinson Faria colocou o seu nome como possível candidata do PSD à prefeitura de Natal. Esse é o seu projeto para 2012?
Todos os partidos fortes na capital devem colocar seus nomes mais expressivos à disposição. Como eu tive uma boa votação em Natal, o meu também está. Tenho tido uma votação crescente em Natal. Em 2002, eu tive aproximadamente 3,5 mil votos. Em 2006, tive quase 14 mil votos. E agora em 2010, quase 20 mil. Então, essas eleições crescentes nos credenciam a querer disputar uma eleição majoritária na capital. Mas isso não quer dizer que por ter uma excelente votaçãona proporcional a gente tenha a mesma aceitação na majoritária. A candidatura deve ser um anseio do povo. Não pode partir de gabinete de portas fechadas. Meu nome está à disposição, assim como o do deputado federal Fábio Faria. A gente deve ter um poder decisivo nessa eleição, pois temos quadros bons no PSD.

O grupo liderado por Robinson, do qual a senhora faz parte, apoiou a candidatura da prefeita Micarla de Sousa nas eleições de 2008, mas se distanciou. Como a senhora avalia a gestão da prefeita?
Micarla tem toda a boa vontade. Ela tem tentado acertar. Inclusive, tenho amizade pessoal. Não participei da campanha dela. Eu fazia parte de outro partido nas eleições de 2008. Não acompanhei o momento em que Robinson fechou o apoio a ela. Não sei quem cumpriu ou quem descumpriu a palavra. Então é difícil dar uma opinião sobre isso.

Mas se a senhora se coloca como possível candidata à prefeitura é porque está na oposição…
Meu partido, o PSD, é de oposição à prefeita. Mas, na época da eleição passada, eu erado PDT. Eu não era do PMN, quando o PMN apoiou Micarla. Eu não participei da eleição dela. Então eu não sei quem cumpriu ou descumpriu com a palavra. Hoje, se o PSD não apoiar Micarla eu tenho que seguir a orientação do meu partido.

Então a senhora acha que é possível o PSD ainda vir a apoiar a prefeita?
Eu acho improvável. Robinson e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, querem que o partido lance candidatura própria.

A senhora começou a se destacar na política de forma isolada. Depois de se desentender com seu antigo partido, o PDT, resolveu fazer parte do grupo político liderado por Robinson Faria. Olhando hoje, após essa decisão a senhora se sente mais politicamente segura?
Eu tomei a decisão certa, na hora certa. Meu primeiro e segundo mandatos de deputada estadual foram no PDT. Mas eu nunca tive nenhum prestígio ou atenção. Nunca tomei uma decisão importante no partido. Não participava das discussões. Eu era a mais votada, mas não significava nada para o partido. Eu sempre fazia parte do grupo de Robinson sem ser do partido dele. Então, chegou o momento em que eu percebi que estava no lugar errado. Eu não tinha direito a nenhum diretório, mesmo sendo a deputada mais votada da legenda. Para eu conseguir um diretório para um grupo que me apoiou no interior, era uma luta muito grande. E dificilmente eu conseguia. Nesse novo grupo é diferente. Teremos seis deputados nesse novo partido e sentaremos todos para tomar as decisões e atender às bases de cada um. Isso não ocorria no PDT.

Então a senhora vai poder acomodar suas bases políticas no PSD?
Claro, porque as bases que me apoiam querem atenção, querem ajudar a fazer o partido crescer. No PDT eu não tinha oportunidade. Nem em Natal. Quando eu entrei no PMN já recebi o diretório de Natal por ter sido a deputada mais votada do partido na cidade. No PDT, nunca me ofereceram.

Assim, seu projeto político para o futuro é permanecer nesse grupo e fortalecer o PSD?
Isso. No PSD, eu tenho participação, direito a voz, participo das decisões. Assim é no PMN eserá no PSD.

Os deputados estaduais que participaram da campanha da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) reclamam da falta de prestígio da gestora. A governadora teve reciprocidade em relação à senhora?
Comigo ela tem tido reciprocidade. O líder do governo, deputado Getúlio Rego (DEM), tem conduzido muito bem isso. É um deputado que tem abertura com todos os parlamentares. O deputado que estiver insatisfeito com um determinado ponto pode tratar com ele. Getúlio vai lá e resolve. Ele tem se colocado à disposição. Já acompanhei ele tomar essa iniciativa várias vezes. Eu estou muito satisfeita. Não poderíamos ter um líder melhor do que Getúlio Rego. Inclusive, ele tem uma ótima relação com os novatos.

Como a senhora avalia o início do governo Rosalba Ciarlini?
A governadora tomou a atitude certa no início do governo. Ela impôs austeridade fiscal, reduziu gastos. Se ela não tivesse tomado essa atitude de segurar as contas… O limite prudencial estava ultrapassado, descumprida a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ela já pegou isso do governo passado. Se ela continuasse no ritmo que vinha, iria ser como uma bola de neve. Ela não conseguiria recuar em um determinado momento. Então, acho que ela teve a atitude certa. Rosalba está pagando um preço muito alto por causa de compromissos assumidos pelo governo passado. As condições do governo não são favoráveis. Mesmo assim, ela tem atuado no sentido de resolver esse problema.

Rosalba seria bem-vinda no PSD?
Com certeza. As portas do PSD estão abertas para a nossa governadora.

Apesar de o PSD local surgir alinhado ao projeto político de Robinson Faria, nacionalmente a legenda não possui uma identidade. Será formada por dissidentes de vários partidos. Como a senhora avalia essa questão?

Eu acho que o partido é uma ideia nova. Não é só a insatisfação dos filiados. Aqui, especificamente, existem pessoas que fazem parte do mesmo grupo, possuem os mesmos ideais, mas ainda não fazem parte da mesma legenda, como, por exemplo, o deputado estadual José Dias, que há muito tempo é liderado de Robinson mas estava sob o comando do PMDB. Vários prefeitos do PP, como Ivan Júnior (prefeito de Assú), do PTB, parlamentares desses partidos, possuem os mesmos ideais de Robinson e estão em outras legendas. O PSD veio para unir todas as lideranças, de vários partidos, que fazem parte do grupo de Robinson Faria.

Como provável futura presidente do PSD em Natal, a senhora já está articulando a formação da chapa do partido para disputar vagas na Câmara Municipal em 2012?
A gente já começou a fazer a nominata. Assim como eu não sei se ficarei na liderança do PSD na Assembleia, também não sei se serei a presidente municipal do partido. Isso vai ser colocado na mesa para ser discutido entre Robinson Faria, Fábio Faria e os seis parlamentares. Ainda não houve uma conversa nesse sentido. Robinson já disse que quer uma candidatura forte para prefeito e também para vereador. O grupo ainda não possui nenhum vereador. Nosso objetivo é ter uma boa representação na Câmara.

Quais os projetos de lei mais importantesque a senhora já está preparando para essa legislatura?

Vamos apresentar a minuta do projeto que reduz a carga horária de pais de deficientes físicos em duas horas. Nesse caso, a família vai optar pelo pai ou pela mãe. Em 90% dos casos é a mãe. Esse projeto já passou por uma audiência pública e será enviado à governadora Rosalba Ciarlini para que o governo envie o projeto como mensagem para a Assembleia, já que o deputado não pode intervir no regime interno dos servidores. Já é lei em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro e em Sergipe, onde a carga horária é reduzida em até 50%. Outro projeto que temos é criar a lei de incentivo ao esporte, para que o empresário que queira fomentar o esporte receba incentivos fiscais. Hoje, existe a lei de incentivo a cultura. A nova lei não vai tirar recursos da cultura. Vai deixar o empresário livre para escolher se ele quer fomentar a cultura ou o esporte. Esse também tem que ser um projeto do governo. Enviaremos o anteprojeto para que o governo mande em forma de mensagem paraa Assembleia.

Deputada, a Assembleia Legislativa já realizou, neste ano, mais audiências públicas do que em todo o ano passado. Muitas dessas audiências não têm resultados práticos. Como a senhora vê essa banalização das audiências públicas?

É preciso ter resolutividade. A população fica esperando. Neste ano, eu realizei uma audiência, mas foi “a” audiência. Tivemos um resultado prático. A audiência resultou no anteprojeto da redução de carga horária para servidores pais de deficientes físicos, que deverá se tornar uma lei. Não adianta ficar discutindo temas semanalmente sem ter resultados para a população. A Assembleia Legislativa do RN foi a que mais teve audiências públicas no Brasil no ano passado. Mas o que a população quer é ação, resultado, e não só discursos. Não sou a favor dessa banalização. Eu sou a favor das audiências que têm resultados práticos. Assim como também título de cidadão. Acho que também está banalizado. Eu mesma nunca propus um título de cidadão. Quando propuser, será para uma pessoaque tenha dado uma contribuição verdadeiramente importante ao Estado.

O deputado estadual José Dias disse que houve negociata para a aprovação da Inspeção Veicular na Assembleia Legislativa, no final do ano passado. A senhora teve conhecimento de alguma movimentação nesse sentido?

Não. Prefiro não me aprofundar sobre esse assunto. Nunca tive conhecimento de nada neste sentido.

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