PMDB irritado com nomeação da substituta de Palocci

POLÍTICA

Peemedebistas se dizem traídos e afirmam que partido ‘quer e vai participar’ do redesenho da articulação política

Maria Lima e Adriana Vasconcelos, O Globo
O PMDB não aceitou, ainda, a escolha da nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, sem que sequer o vice-presidente da República, Michel Temer, fosse consultado. Principalmente porque, em vez de discutir a solução com seu vice, Dilma preferiu ter como conselheiro o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Temer só foi comunicado meia hora antes da demissão de Palocci. A cúpula do PMDB ameaça se rebelar, caso não tenha peso na escolha do novo articulador político, e alertou a presidente que a crise política não se encerra com a saída de Palocci, pois a articulação política do governo motiva muitas insatisfações.
A cúpula do partido remoeu o desfecho da crise Palocci até as 4h da madrugada de ontem, no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. De volta ao Congresso, começou a mandar recados para a presidente Dilma: o PMDB não quer o cargo do ministro das Relações Institucionais, hoje nas mãos do petista Luiz Sérgio, mas quer avalizar e ter peso no redesenho da articulação política.
Presentes à reunião no Jaburu, que serviu ainda para bombardear a personalidade da ministra Gleisi, estavam o presidente do Senado, José Sarney (AP); o deputado Eduardo Cunha (RJ); o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN); o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR); o senador Eunício Oliveira (CE); o líder do Senado, Renan Calheiros (AL); o senador Vital do Rego (PB); o presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO); e o diretor da CEF Geddel Vieira Lima (BA).
— Ela (a presidente Dilma) não pense que vai fazer com a vaga do Luiz Sérgio o mesmo que fez com a do Palocci! Se fizer isso, o PMDB não articula mais nada no Congresso. O PMDB não quer a vaga do Luiz Sérgio, mas quer avalizar a escolha — disse um dos participantes da reunião.
— O PMDB foi traído! Não se pode avisar o vice da escolha de um novo ministro meia hora antes da demissão. O PMDB passou o dia defendendo e dando apoio a Palocci, e o PT detonando — disse outro peemedebista.
Na avaliação, os peemedebistas concluíram que começa nova fase do governo Dilma, e que a crise na base aliada e no Congresso não se resume ao escândalo Palocci, pois foi agravada pelas falhas na articulação.
— Foi uma trapalhada. A crise é muito maior que o Palocci. É isso que a Dilma tem que entender. E a Gleisi é arrogante, como Dilma. Não cabem os dois egos na mesma sala — criticou um peemedebista durante a reunião.
No relato que fez aos colegas, Temer contou que, pouco antes de Palocci entregar a carta de demissão, teve rápida conversa com Dilma:
— Ela disse que a nova ministra será uma “Dilma da Dilma” e vai ter o papel de desafogar o meu trabalho. 
Renan mandou um recado:
— É hora de fazer um redesenho da articulação política do governo. E o PMDB quer e vai participar.
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