Lixo hospitalar dos EUA é vendido no Nordeste
Lençóis com nomes de hospitais dos EUA –iguais aos apreendidos pela Receita Federal no porto de Suape e classificados como lixo hospitalar– são vendidos por quilo em uma das principais vias de Santa Cruz do Capibaribe, cidade de 87,5 mil habitantes de Pernambuco, relata o repórter Fábio Guibu em reportagem publicada na Folha (disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
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A Folha comprou nove peças (4 kg) na loja Império do Forro de Bolso. Parte delas tinha manchas e referências e unidades de saúde dos EUA, como Baltimore Washington Center ou Medline Industries Inc. Amontoados no chão, os lençóis e fronhas eram vendidos a R$ 10 o quilo. Funcionários alegaram problemas no sistema para não fornecer nota fiscal ou recibo e, depois da ligação por celular, fecharam a loja.
Tecidos de hospital só podem ser reaproveitados após rigorosa desinfecção. A Receita não confirmou o nome do importador de lixo hospitalar.
Leia a reportagem completa na Folha deste sábado, que já está nas bancas.
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FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A IPOJUCA (PE)
A Receita Federal encontrou nesta quinta-feira, no porto de Suape, em Ipojuca (a 60 km de Recife), mais um contêiner com lixo hospitalar importado dos Estados Unidos. Foi o segundo carregamento do tipo apreendido no porto nos últimos três dias. No total, cerca de 45 toneladas de resíduos estão retidos no local.
Contêiner com lixo hospitalar é apreendido em porto de PE
O lixo foi importado por uma confecção de Santa Cruz do Capibaribe, cidade do Agreste pernambucano conhecida por suas indústrias têxteis. A documentação dos dois contêineres indicava que o conteúdo seria “tecido de algodão com defeito”.
Ao abrir as caixas metálicas, no entanto, fiscais da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e da Receita encontraram vários fardos com lençóis sujos de sangue, luvas cirúrgicas, seringas, cateteres, máscaras e gaze usados, entre outros materiais.
Segundo o inspetor chefe da alfândega da Receita Federal em Suape, Carlos Eduardo Oliveira, a mesma empresa que importou os dois contêineres já havia trazido outros seis carregamentos neste ano, também dos Estados Unidos, sem que as cargas fossem vistoriadas.
“Vamos investigar agora o que estava dentro desses seis contêineres”, disse ele. As cargas foram embarcadas no porto de Charleston, na Carolina do Sul (EUA), e chegaram a Suape em datas diferentes.
A Receita suspeitou do sétimo carregamento, desembarcado em Suape há cerca de duas semanas, porque a documentação indicava um preço cerca de 50% abaixo do parâmetro mínimo usado pelo governo federal para o tipo do material importado.
O oitavo contêiner, aberto hoje, chegou ao porto na semana passada. A área onde está o lixo hospitalar, no terminal de contêineres de Suape, foi isolada. Policiais federais estão no local.
Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress