A vez do Trabalho:Lupi afasta assessor sob suspeição
Sob Dilma Rousseff, a Esplanada dos Ministérios converteu-se numa espécie de Roma de múltiplos Neros. A dúvida é:
Os Neros de Brasília tocam a lira enquanto suas pastas ardem (erro do artista) ou os ministérios ardem enquanto os Neros tocam (pecado de uma Roma incorrigível).
Neste sábado (5), foi à berlinda o Ministério do Trabalho, pasta gerida por Carlos Lupi, o imperador do PDT.
Os repórteres Paulo Celso Pereira, Gustavo Ribeiro e Hugo Marques noticiam: caciques da tribo dos pedetês converteram a pasta em usina de extorsão de ONGs.
Primeiro, o ministério assina convênios com as entidades para ministrar cursos de capacitação profissional.
Depois, as ONGs são submetidas a ficalizações que apontam irregularidades na execução dos convênios.
Num terceiro momento, os mesmos assessores de Lupi que criam dificuldades para as ONGs, se oferecem para resolver as “pendências.”
Mediante pagamento de propinas que variam de 5% a 10% do valor de cada convênio, a entidade é liberada para continuar recebendo verbas públicas.
A notícia cita o caso de uma ONG, o Instituto Êpa, do Rio Grande do Norte. Foi contratada para dar cursos a trabalhadores no Vale do Açu.
Depois de receber a segunda parcela do convênio, em dezembro de 2010, o instituto potiguar caiu na malha do esquema ministerial do PDT.
Alvejada por três fiscalizações, o Êpa teve bloqueados os repasses seguintes do convênio.
Ao tentar resolver as pendências, diretores do instituto foram informados que a regularização seria célere se azeitada por propinas.
Deveriam procurar Weverton Rocha. Era, na época, assessor especial do imperador Lupi. Hoje, dá expediente como deputado federal, na Câmara.
O Êpa foi informado de que, além de Weverton, poderia contactar também Anderson Alexandre dos Santos, coordenador-geral de qualificação do ministério.
De acordo com a notícia, veiculada nas páginas de ‘Veja’, Weverton cuidava da fixação dos valores da propinas. A Anderson cabia dar efetividade aos contatos.
Ambos se reportavam ao chefe de gabinete de Lupi, Marcelo Panella, que também estaria envolvido na engrenagem de extorsão.
A reportage anota que o Planalto não está alheio à fuzarca que se processa sob o som da lira do Trabalho.
Deputados federais do próprio PDT informaram ao chefe de gabinete da presidente, Giles Azevedo, sobre a cobrança de propinas de ONGs.
Em agosto, informa a revista, a Casa Civil da Presidência mandou que fosse demitido Panella (que nome!), o chefe de gabinete de Lupi.
“Saí porque não me adaptei a Brasília”, refuta Panella. Weverton, que assumiu a cadeira de deputado em outubro, também nega os malfeitos:
“Quando uma entidade te procura, é porque ela tem problema, mas nossa equipe sempre foi muito profissional”, diz ele.
Neste sábado, com a velocidade de um raio, o ministro Lupi afastou o coordenador-geral de qualificação Anderson dos Santos, que continuava na pasta.
Lupi mandou expedir um par de notas oficiais. Numa, informa sobre o afastamento de Anderson e anuncia a abertura de uma “sindicânciainterna”.
Noutra, Lupi afirma que pediu ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) que acione a Polícia Federal “para apurar as supostas denúncias de desvios de recursos”.
O ministro declara: “Eu não posso admitir que meus 30 anos de vida pública sejam jogados na lama por conta de covardes que se escondem atrás do anonimato das páginas de uma revista…”
“…Pedi ao ministro da Justiça que, através da Policia Federal, leve as investigações até o fim, e aponte nomes, registros telefônicos e tudo mais que possa ser identificado como prova.”
Lupi é o sexto ministro alvejado por denúncias de cprrupção. Em dez meses de Dilma, já foram ao meio fio:
Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte).
A plateia, atônita, se pergunta: até quando a lira vai tocar?
Fonte:Blog do Josias