Dilma fechará ‘reforma’ com Temer nesta sexta

Por Josias de Souza

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Dilma Rousseff convocou o vice Michel Temer para uma reunião nesta sexta-feira (15). Os dois tentarão fechar, finalmente, a ‘reforma’ do ministério. Já mastigaram o tema noutras conversas, a última delas há dois dias. A presidente sabe bem o que deseja o PMDB. E, nas últimas horas, esforça-se para conciliar os apetites do principal parceiro com as pulsões dos outros sócios do condomínio –os antigos, como o PR; e os novos, como o PSD.

A equação do PMDB parecia resolvida. O deputado Antônio Andrade (PMDB-MG) iria à pasta da Agricultura. O deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS), atual titular da pasta, desceria para a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Ocuparia a cadeira do ex-governador fluminense Moreira Franco, que subiria para a Secretaria de Aviação Civil. Por que o martelo não foi batido? Bem…

Estava combinado que o PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab ficaria com a recém-criada pasta da Micro e Pequena Empresa. Seria acomodado ali o atual vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. E ponto. Súbito, Kassab pôs-se a reivindicar uma segunda pasta. Ele esteve com Dilma na noite passada. Não se sabe o que acertaram. Mal chegou à aliança e já quer sentar na janelinha, queixou-se um cacique do PMDB, como que farejando o cheiro de queimado.

Aconselhada por Lula, Dilma achegou-se também ao PR, o partido que ela varrera da pasta dos Transportes na pseudofaxina de 2011. O PR quer voltar à Esplanada. Em que pasta? A dos Transportes, ora bolas. A presidente reativou uma de suas ideias fixas: quer porque quer nomear o senador Blairo Maggi (PR-MT). Porém…

Convidado na época das vassouradas, Blairo refugara os Transportes sob o argumento de que suas empresas transacionam com o ministério. De duas, uma: ou rejeita novamente a oferta ou retira seus negócios dos escaninhos da pasta, absorvendo os prejuízos. Ou faz isso ou desmoraliza-se. Pior: pode encrencar-se com o Ministério Público.

Nos subterrâneos, o deputado condenado Valdemar Costa Neto (SP), espécie de papa sem trono do PR, mandou avisar: se Dilma devolver à legenda o Dnit, departamento das rodovias; e a Valec, estatal das ferrovias, pode fazer o que bem entender com a poltrona de ministro. Todo mundo sabe o quer Valdemar. Atendendo-o, Dilma cairia num descrédito que nenhum palanque compensa.

De resto, há a encrenca do PDT. Coisa conhecida: Dilma gosta de Brizola Neto, que é detestado por Carlos Lupi e vice-versa. O neto de Brizola quer ficar no Ministério do Trabalho. Dilma gostaria de mantê-lo. Mas é Lupi quem dá as cartas no PDT. E ele quer trocar Brizola pelo deputado Vieira da Cunha (PDT-RS). Enleada, a presidente perde-se em divagações.

O pano de fundo da encrenca é 2014. Não fosse a necessidade de montar o palanque, Dilma não daria nem bom dia a Temer, Kassab, Blairo, Brizola e Lupi. Mas ela já sabe, e Lula reforçou: se não for muito simpática, jogará água nos moinhos de Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

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