Dilma foi derrotada por aliados na MP dos Portos

Por Josias de Souza

Numa das jornadas mais longas de sua história, a Câmara consumiu 18 horas debatendo a medida provisória dos portos. A oposição dedicou-se a obstruir ostrabalhos. Cabia ao condomínio governista manter acesas as fornalhas do plenário. A mobilização da tropa de Dilma Rousseff foi diminuindo na proporção direta do avanço da madrugada. Às 4h55, a sessão caiu por falta de quórum.

Juntos, os partidos que se declaram “aliados” do Planalto controlam no plenário da Câmara 423 cadeiras. As legendas de oposição dispõem apenas de 90 assentos. A despeito da supremacia numérica, Dilma adicionou mais uma derrota congressual à sua coleção. Um fiasco da dimensão daquele sofrido nas votações do Código Florestal. Alem da aversão da presidente pelo diálogo e do atabalhoamento do seu staff político, deve-se a derrota ao abandono dos aliados.

Na presidência da Mesa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) emendou cinco sessões extraordinárias –uma após a outra. A cada reinício, era preciso atingir o quórum mínimo de 257 presentes. A penúltima sessão terminou quando a madrugada já ia alta, às 3h36. A última foi aberta às 4h15. O quórum mínimo só foi obtido mais de meia hora depois, às 4h54.

Rapidamente, Henrique levou a voto um requerimento da oposição para que a MP dos Portos fosse retirada da pauta. Em votação simbólica, o pedido foi rejeitado. A oposição exigiu que fosse feita uma aferição nominal dos votos. Coisa prevista no regimento. Abriu-se o painel eletrônico.

Em obstrução, PSDB e DEM abstiveram-se de registrar suas presenças. Decorridos mais de 50 minutos, a infantaria governista conseguiu reunir apenas 243 cabeças. Faltaram-lhe 14 soldados. Entre desolado e irritado, Henrique Alves declarou: “Não entendo como é que parlamentares que estavam aqui há alguns minutos, participando desse grande esforço de mobilização, não estão mais em plenário. Está encerrada a sessão.”

Haverá nova sessão extraordinária às 11h desta quarta (15). A essa altura, concluir o trabalho na Câmara e no Senado antes de quinta (16), dia em que a MP perde a validade, tornou-se impossível. Nos próximos dias, o Planalto vai elaborar a lista dos aliados que o abandonaram. A relação será pluripartidária. Incluirá, por exemplo, nomes do PMDB, do PP, do PTB, do PDT, do PSB e, em menor escala, do PT. Até o relator-revisor da medida provisória, Manoel Júnior (PMDB-PB), debandou do campo de batalha antes do Waterloo.

Considerando-se que o Planalto mobilizou sua tropa de elite –do vice-presidente Michel Temer à ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil)— o vexame se agiganta. Levando-se em conta que a MP dos Portos chegou à Câmara em dezembro de 2012 e levou cinco meses para chegar ao plenário, uma indagação torna-se incontornável: para que diabos serve a megacoligação de Dilma?

Fonte:Blog Josias de Souza

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