Rio Grande do Norte está apto a aumentar para 75% a destinação correta do lixo

Governadora Fátima Bezerra visitou as instalações do aterro sanitário privado que tem capacidade para processar resíduos de 1,150 milhão de pessoas

O Rio Grande do Norte está na iminência de sair do último lugar da região Nordeste, em termos de destinação correta de resíduos sólidos, para se tornar um ambiente ecologicamente favorável ao manejo correto do lixo, alinhado ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos. A oportunidade que bate à porta de pelo menos 50% dos municípios potiguares se dá através da empresa Central de Tratamento de Resíduos – CTR Potiguar, instalada na zona rural de Vera Cruz (região Agreste). “Com este aterro e o já existente em Ceará-mirim, operado pela empresa Braseco, somados aos outros que estão em fase de tratativas, nas regiões do Alto Oeste e Seridó, vamos passar dos 7% atuais, ou seja, 12 cidades, para 75% de municípios do estado que destinarão seu lixo corretamente”, comemorou a governadora Fátima Bezerra, em visita ao único aterro sanitário privado em operação no estado, na manhã desta sexta-feira (17).

Atualmente, o RN é o pior estado do Nordeste em destinação de resíduos. Com índice acima de média regional, 93% dos nossos municípios descartam o lixo de forma incorreta, ou seja, os resíduos sólidos produzidos em 155 cidades do Rio Grande do Norte são destinados de forma inadequada e se amontoam em lixões, situação que além de afetar o meio ambiente, compromete a saúde pública. “A CTR é a única empresa do Nordeste habilitada a participar no Leilão de Energia, com a produção de biomassa a partir dos resíduos sólidos. Nós já somos líderes em produção de energia limpa, e agora estamos trabalhando para diversificar ainda mais a matriz energética”, pontuou Fátima Bezerra.

A Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos (Semarh) é responsável pela gestão do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, cujas diretrizes são alinhadas ao plano nacional. Em reunião realizada no último dia 31 de agosto com prefeitos do Alto Oeste e do Seridó, foi tratada a implantação dos sistemas coletivos de aterros sanitários das duas regiões; os referidos consórcios municipais envolvem 71 cidades. “Tivemos de readequar os projetos para aterros e estamos caminhando para evoluir bastante na cobertura da destinação correta do lixo. Diante da realidade atual do nosso estado, é inegável a importância de projetos como esse da CTR, que têm como objetivo o controle do lixo e a geração de energia através da biomassa”, declarou o titular da pasta, João Maria Cavalcanti.

 

Presente à visita, o diretor do Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte), Leon Aguiar, declarou que a empresa cumpriu todas as etapas de licenciamento, tendo obtido a licença de operação, documento que habilita a CTR para o processamento de mais de 500 toneladas de lixo diariamente, que é a capacidade atual da empresa na primeira fase de implantação do projeto. “A gente lamenta muito que os municípios não estejam fazendo a gestão correta dos resíduos. Por isso eu fico muito contente por fazer esse licenciamento, uma vez que é bastante comum recebermos denúncias de manejo incorreto de lixo”, argumentou.

Médico sanitarista com larga experiência na área, o secretário do Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado, destacou a importância da ampliação da cobertura do manejo e destinação correta do lixo no território potiguar, fato que na sua visão vai refletir positivamente na imagem do Rio Grande do Norte, além de representar desenvolvimento sustentável para o estado. “Vamos transformar um problema, que é o lixo, em uma solução, agregando geração de emprego e renda”, completou.

Custo Operacional

Distante cerca de 50 km da Capital, Vera Cruz é um dos municípios potiguares que destinam corretamente o lixo. O prefeito Marcos Cabral informou que a prefeitura investe mensalmente de R$ 10 a 15 mil para envio dos resíduos ao aterro da CTR. Considerando o número aproximado de habitantes, a cidade está investindo por mês menos de R$ 1 por habitante. “Quando a empresa se instalou aqui, havia dúvidas sobre a questão da viabilidade, e hoje só temos a agradecer por possibilitar que o município faça a destinação correta do lixo, além de gerar emprego e renda para a nossa região”, disse o gestor. Nesse início de operação, a empresa está gerando cerca de 50 empregos diretos e 150 indiretos.

De acordo com cálculos feitos pela empresa, o custo operacional dos municípios por envio de cada tonelada de lixo fica em torno de R$ 0,75, conforme declarou um dos sócios da empresa, Dâmocles Trinta. Junto com os empreendedores Ilton Miranda, Mário Sérgio Lopes e Bruno Oliveira, o projeto demandou cerca de R$ 150 milhões de investimento até o momento. “A CTR Potiguar é um conglomerado visando desenvolvimento sustentável do RN. Atualmente, estamos consorciados com Parnamirim, Vera Cruz, Várzea, Bom Jesus e São José de Mipibu. É interessante que as prefeituras e a sociedade nos vejam como solução e não como problema”, pontuou.

O senador Jean Paul Prates, um dos responsáveis pela captação de empresas eólicas para o estado do Rio Grande do Norte, destacou a importância da CTR no âmbito da geração de energia com biomassa. “Vale salientar que temos uma central de tratamento de resíduo, que contempla um aterro. O lixo aqui é considerado um meio para geração de energia”, disse.  Ele lembrou que de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, quem destina lixo de forma inadequada não se isenta da responsabilidade pelo lixo. “No meio ambiente, quem gera o lixo é responsável por ele até o fim. Estamos cada vez mais próximos de nos livrarmos do peso que é enterrar os resíduos sólidos”, completou.

Durante a visita à empresa, estavam presentes também os vereadores do município de Vera Cruz: Sueldo Araújo, José Edmilson, Valdemir Cabral, Jailson dos Anjos, Atarcísio Honório. Da equipe de governo, integraram a comitiva oficial a subsecretária do Gabinete Civil, Laíssa Costa, e o engenheiro sanitarista Sérgio Pinheiro (Semarh).

Números da CTR Potiguar

– 50,2 hectares é a área do empreendimento, sendo 14,63 hectares de mata preservada e 35,27 hectares de área construída.

– 1.150.000 pessoas é a capacidade de alcance do aterro, ou um terço do RN.

– 537 toneladas por dia é a capacidade atual de manejo.

Fotos: Elisa Elsie – Assecom/RN

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