‘É decepcionante a meta do governo ser apenas a folha’, diz Fernando Bezerra

Bancada federal é uma das piores que o RN produziu

Bancada federal é uma das piores que o RN produziu

O ex-senador Fernando Bezerra considera que é “triste e decepcionante” que o governo estadual esteja limitado, na avaliação dele, ao pagamento da folha dos servidores públicos. Ele afirma que o Rio Grande do Norte precisa de uma reforma para que se tenha um plano voltado ao desenvolvimento. Para Fernando Bezerra, essa é uma situação que não está restrita à atual gestão.

 

“Os últimos governos, talvez os quatros últimos, foram muito mais voltados para a questão política pessoal, de reeleição. E deixaram o Estado em uma situação crítica”, lamenta. Ex-ministro da Integração Nacional e ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria, ele afirma que, por isso, o RN cresce apenas onde as condições naturais são as mais favoráveis.
Ele também não faz uma avaliação positiva da política econômica do governo Bolsonaro e vislumbra dificuldades para que o país registre índices expressivos de crescimento em 2022. Mas Fernando Bezerra faz uma avaliação positiva das atuações dos dois ministros potiguares — Fábio Faria (Comunicações) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), principalmente deste.
Com relação às eleições deste ano no Estado, diz ter simpatia por uma chapa formada pelo prefeito Álvaro Dias para o governo e Rogério Marinho para o Senado. Mas afirma também que seriam “bons candidatos” a governador Fábio Faria e o presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira.
As projeções indicam que este ano o crescimento, se houver, vai ser limitado. O senhor vê possibilidade de uma retomada expressiva em 2022?
Considero muito difícil. Em decorrência da pandemia, o mundo todo está retraído. Há, mais do que isso, a responsabilidade da política econômica do governo [federal], que prometeu reformas, mas só tivemos as da Previdência e a trabalhista [este, ainda no Governo Temer, com atualizações em 2019]. Ambas com a participação muito forte do ministro Rogério Marinho. Então, existem muitas dificuldades. Nossa estrutura tributária pune os mais pobres e complica a forma de contribuir das empresas, que precisam montar toda uma estrutura para cuidar dos impostos. Tenho sempre muita esperança, mas acho que 2022 será um ano de muitos entraves.
O senhor foi presidente da CNI. E o país enfrenta alguns problemas na economia que são cíclicos. Não deveríamos ter superado alguns destes desafios para estarmos em outra etapa?
Devíamos ter aprendido. E essa situação toda foi agravada pela dificuldade da pandemia, que tem implicações sérias em todo o mundo. Tenho uma expectativa de que, antes de terminar o ano, tenhamos combatido [a covid]. Talvez a pandemia fique como uma gripe, que teremos em caráter permanente. Alguns países do mundo já aplicam a quarta dose [da vacina] contra o coronavírus. E, no Brasil, fazemos a vacinação contra a influenza anualmente. Creio que essas ações ficarão rotineiras. Mas, por enquanto, o único caminho é a vacina e somente quando o mundo tiver um grande percentual da população vacinada retornaremos à plena normalidade. Com isso, os rumos da economia poderão mudar e voltaremos ao crescimento.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a criar uma expectativa positiva nos meios empresariais, principalmente no início do governo ao anunciar a privatização. Houve frustração?
Ele fala mais do que faz. O Salim Mattar, que era o encarregado do governo para fazer as privatizações, saiu e, em uma entrevista, expressou sua enorme frustração por não ter feito nenhuma desestatização. Mas o país precisa disso [das privatizações].
E com relação à atuação do presidente Jair  Bolsonaro?
Acho também frustrante, porque tudo que ele anunciou que faria, não fez. Até anunciou que não queria a reeleição, mas só faz lutar pela reeleição. O presidente tem, inclusive, uma “virtude”, fazer oposição a ele mesmo. Faz oposição ao próprio governo diariamente. E não vejo uma atuação do presidente no Congresso Nacional, muito embora a partir do entendimento do presidente com o chamado Centrão, ele teria hoje, majoritariamente, maioria. Por que não usa isso para fazer as reformas que o país tanto espera, e foram anunciadas pelo governo dele?  Até as privatizações têm se dado de forma muito lenta.
Em um ano eleitoral, haverá dificuldade para aprovação das reformas que não foram feitas até agora…
Sim, já havia dificuldades. E hoje estamos com 12 a 13 milhões de brasileiros desempregados e um  crescimento econômico insignificante. Então, o presidente não cumpriu com a palavra anunciada na campanha eleitoral.

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