Popularidade de Dilma sobe e aliados lamentam

Pesquisa do Ibope divulgada nesta quarta (4) informa: em meio à crise econômica e às turbulências no Congresso, a popularidade de Dilma Rousseff atingiu o patamar mais alto desde a posse: 77% de aprovação. Há três meses, o índice era de 72%.

Dilma supera os índices colecionados pelos antecessores na mesma época de seus respectivos mandatos. Fernando Henrique Cardoso obtivera aprovação de 57%. Lula somara 60%.

Festejados no Planalto, os dados foram recebidos com apreensão no Congresso. Aliados da presidente consideram-se usados por ela. Em privado, queixam-se de que Dilma joga para a platéia, fabricando crises com os partidos que a apoiam.

Feita por encomenda da Confederação Nacional da Indústria, a sondagem escora-se em dados recolhidos em 142 municípios entre os dias 16 e 19 de março. Depois, portanto da turbulência que resultou na troca dos líderes do governo no Congresso.

Uma semana depois amargar sua maior derrota no Senado, Dilma foi às lanças. Trocou, em 13 de março, o líder Romero Jucá (PMDB-RR) por Eduardo Braga (PMDB-AM). Na Câmara, substituiu Cândido Vaccarezza (PT-SP) por Arlindo Chinaglia (PT-SP).

As mudanças eletrificaram o condomínio governista. Dilma deu de ombors. A julgar pelo Ibope, a aparente dureza de Dilma agradou ao meio-fio. A aprovação da presidente descolou-se da imagem do governo dela.

A taxa de aprovação do governo manteve-se em 56%, o mesmo índice registrado na pesquisa anterior, feita em dezembro –21 pontos percentuais abaixo do índice positivo atribuído a Dilma.

Um indício de que as sucessivas trocas de ministros e a aspereza de Dilma no trato com os aliados potencializa a admiração que a grossa maioria da sociedade lhe devota. Paradoxalmente, os aliados lamentam.

Um detalhe aguça a preocupação dos apoiadores de Dilma. Além de se considerarem “usados”, os sócios políticos do governo avaliam que a presidente administra sua popularidade com avareza.

Sob a condição do anonimato, uma liderança do PMDB resumiu assim a cena: “Ela não divide o prestígio pessoal com ninguém. Age como se a aprovação fosse só dela, como se ninguém tivesse ajudado, como se os partidos não tivessem aprovado todos os projetos que o governo considerou estratégicos.”

Um líder do PT ecoa o sentimento: “Na eleição municipal de 2008, todo político queria grudar na imagem de Lula. Ele compartilhava a popularidade de que desfrutava. A Dilma é refratária. Não tira nem foto. Avisa que não vai aos palanques. Esse comportamento estimula disputas entre aliados. Em 2012, é cada um por si.”

O miolo da pesquisa contém dados que ajudam a explicar o porquê de a avaliação de Dilma ser mais vistosa do que a aprovação do governo dela. Enquanto a presidente é festejada pelo estilo, a administração é reprovada pelo método.

A maioria dos entrevistados desaprovou a voracidade com que o governo coleta impostos (65%) e o modo como administra a taxa de juros (55%). O desempenho do governo na área da saúde também foi reprovado pela maioria (63%).

Na outra ponta, atribuíram-se menções positivas à política do governo de combate à fome e à pobreza (aprovação de 59%) e à atuação no setor de meio ambiente e no combate ao desemprego (53% de aprovação cada um).

A despeito do nariz torcido dos aliados, que enxergam diferenças de estilo entre Dilma e Lula, a maioria dos brasileiros vê apenas semelhanças na dupla. Nada menos que 60% dos entrevistados acham que o governo da pupila é “igual” ao do patrono.

Significa dizer que Dilma, em alguma medida, continua se servindo da popularidade do antecessor. Os aliados podem se queixar. Mas esse cenário não muda enquanto perdurar a sensação de que a crise financeira internacional não provocou no Brasil reflexos capazes de modificar os humores da platéia.

Fonte: Blog do Josias

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