Fátima Bezerra: “Parceria do PT com Robinson Faria está avançada e firme”

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Pré-candidata ao Senado, deputada petista confirma aproximação do partido com o PSD do vice-governador

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Alex Viana

Repórter de Política

A deputada federal Fátima Bezerra, pré-candidata do PT a senadora do Rio Grande do Norte, afirmou hoje que a parceria do Partido dos Trabalhadores com o PSD, do vice-governador Robinson Faria, pré-candidato a governador, está “avançada” e “firme”. Em entrevista a 96 FM, a petista afirmou que o diretório estadual do PT deverá confirmar a posição já adotada pelo diretório municipal de Natal, no sentido de aliança com o PSD, confirmando a chapa Robinson governador, Fátima senadora da República.

“A parceria está firme. Nós já estamos com as conversas bastante adiantadas. Evidente que não temos ainda a definição, mas, eu diria que as conversas estão bastante avançadas e a parceria está muito firme entre PT e PSD”, disse Fátima. “Houve decisão do diretório municipal. Nós deveremos ter, em breve, a reunião do diretório estadual. Deveremos confirmar a posição do diretório municipal de Natal, ou seja, de apoio à candidatura a governo do vice-governador do PSD”.

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A aliança entre PT e PSD é a primeira a ficar pronta para as eleições deste ano, gerando apreensão no campo adversário, liderado pelo PMDB, que, embora tenha como certa a candidatura da vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, ao Senado, ainda não definiu quem será o candidato a governador. A preocupação foi externada pelo ministro da Previdência e ex-governador, Garibaldi Filho, que declarou ao Jornal de Hoje que tem pressa para definir o candidato do PMDB.

No carnaval, enquanto os prováveis candidatos do PMDB a governador, Henrique Eduardo e Fernando Bezerra, descansavam no exterior, a chapa Robinson e Fátima circulou por vários municípios, numa prévia da campanha eleitoral desse ano. A ideia, segundo Fátima Bezerra, é “intensificar a parceria” entre PT e PSD. “Vamos realizar uma série de atividades conjuntas, que são reuniões de caráter mobilizatório que nós vamos fazer nas cidades polos das diversas regiões do Estado”, afirmou, ainda na entrevista.

SOCIEDADE CIVIL

De acordo com a parlamentar, a proposta a partir de agora é não apenas reunir os aliados e a militância do PT com os aliados e militância do PSD, mas também os diversos representantes da sociedade na região onde haverá os debates. “É importante nesse momento dialogar com os representantes do setor produtivo, os trabalhadores, a Igreja, a juventude e as mulheres. Queremos com isso fazer uma agenda, não só de caráter mobilizatório, mas de caráter programático. Não basta só definir aliança e apresentar nomes. Até porque, mais do que nunca, essa eleição requer um debate de natureza programática, muito consistente, dada a situação que vive o RN”, afirmou.

Paralelo a isso, PT e PSD irão intensificar as conversas com os demais partidos. Pela última reunião entre PT e PSD ficou acertado que as legendas terão encontros conjuntos com os demais partidos, com vista à formação do palanque. Neste sentido, há encontros agendados do grupo com o PDT do prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, e com o PC do B. “Temos uma nova conversa agendada com o PDT, desta vez, numa participação conjunta, com o PSD. Assim também com o PC do B”, declarou.

ELEIÇÃO ESPECIAL

Ainda segundo Fátima, essa eleição terá uma característica muito especial. “Primeiro, dada a situação que o Estado vive. Segundo, serão as primeiras eleições após as manifestações, que foram as grandes jornadas populares de junho do ano passado. Terceiro, o eleitor está cada vez mais exigente, tanto do ponto de vista de exigir padrão ético, como da coerência e do preparo e da capacidade política e de articulação para levar a efeito um projeto que seja capaz de tirar o Estado desse atoleiro do ponto de vista político e administrativo que ele vive hoje em consequência do governo do DEM no RN”.

Por isso, segundo a deputada, as eleições deste ano terão como característica maior o debate. “Discussão essa do ponto de vista programático, associado à história, trajetória política e perfil daqueles que vão mostrar sua cara, que vão se colocar como postulantes, seja ao governo, seja ao Senado. Vai ser uma eleição onde isso vai ser preponderante”, disse.

“O PMDB quer isolar o PT porque eu não recuei do desejo de disputar o Senado e não vou recuar”

Ainda na entrevista, Fátima disse que o PMDB, dos líderes Henrique Alves, e Garibaldi Filho, além de excluir o PT da chapa majoritária, quer isolar o partido politicamente na formação das chapas para 2014. Articulado pelo PMDB, o palanque adversário reunirá adversários do governo Dilma Rousseff no RN, como PSB, PSDB e DEM, além de pouco mais de uma dezena de pequenos partidos. “O PMDB além de excluir o PT fez movimento muito forte de isolamento. Se eu tivesse recuado do desejo nosso de disputar o Senado, talvez esse quadro já tivesse sido resolvido. Como não recuei, e não vou recuar, então vamos ao debate, sem medo”.

Fátima disse que, considerando a chapa presidencial nacional, que tem a parceria da presidente Dilma Rousseff, do PT, com o vice-presidente Michel Temer, do PMDB, havia a expectativa no RN de união entre as duas legendas. “Mas como isso não se consolidou, a direção nacional do PT vê com bons olhos aliança liderada pelo PT e pelo PSD, tendo em vista que o PSD é um aliado nacional do PT e tem sido um aliado muito solidário e muito leal ao governo”, explicitou a petista.

Fátima negou que o PT esteja sendo isolado pela classe política, respondendo que, nessa questão, as pesquisas apontam boas perspectivas de vitória para ela enquanto candidata ao Senado. “Não acho que PT e PSD estejam isolados do povo. Se pegar as pesquisas de opinião, que não são feitas por mim nem por meu partido, a última pesquisa que a Consult constatou um empate técnico entre a pré-candidatura nossa ao Senado e a do PSB”, disse, se referindo ao confronto com a vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, também pré-candidata ao Senado. “As pesquisas não estão atestando esse isolamento. As vozes da rua estão dizendo o contrário”.

EXCLUSÃO

Fátima disse que o PT foi excluído de forma unilateral da aliança pelo PMDB. “Do ponto de vista político, é um direito que ele tem de nos excluir da chapa majoritária (…). Mas o PMDB nos excluiu de forma unilateral. E a julgar pelas declarações dos líderes do PMDB, acho que eles caminham para consolidar aliança com o PSB. Eles estão num processo de isolamento. Eu acho que se eu tivesse abdicado da minha pré-candidatura ao Senado, essa situação estava definida”, disse, afirmando que não declarou ainda ser candidata ao Senado, porque terá o momento certo para isso. “Vai ter o momento em que a deputada Fátima Bezerra vai se colocar e assumir, não mais a pré-candidatura, mas a candidatura. A tendência é que nós disputemos a vaga de Senado nessas eleições de 2014″.

“Relação do PT com o PMDB anda num grau de desarmonia gravíssimo”

A deputada Fátima Bezerra avaliou o momento vivido pela aliança do PT com o PMDB em nível nacional, considerando lamentável a postura do líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de liderar um blocão contra o governo.

“Lamentável a postura de Eduardo Cunha, que é líder da bancada do PMDB. É um absurdo o líder da bancada do PMDB, que tem o vice-presidente da República, que ocupa cinco ministérios, ocupa a presidência do Congresso, da Câmara, e o líder da bancada do PMDB, que é a segunda maior bancada da Câmara, de repente resolver liderar um blocão contra o governo, contra a presidenta Dilma”, disse Fátima.

Ao analisar a postura do PMDB frente ao governo federal, Fátima disse que a “relação do PT com o PMDB anda num grau de desarmonia gravíssimo”. Segundo a petista, o blocão liderado pelo PMDB conta inclusive com partidos de fora da base aliada, com o DEM e o PSDB, tradicionais rivais do governo do PT. “É inaceitável. A presidente Dilma está tendo muita lucidez ao tratar desse imbróglio. Está mantendo a autoridade dela.

E cobra uma definição ao PMDB, se é governo ou oposição”, afirmou.

“Não temo ficar sem mandato; política para mim não é profissão”

A deputada Fátima disse não temer disputar o Senado, perder e ficar sem mandato. Para ela, política não é profissão, afirmou, se referindo a políticos profissionais do Estado. “Não tenho medo de ficar sem mandato porque a política, para mim, não é profissão; é missão, é vocação. Não estou deputada, sou professora, hoje no exercício parlamentar, cumprindo uma missão por entender a importância da política enquanto a arte de transformação”.

Fátima disse que sua trajetória política foi sempre movida por desafios, citando o momento vivido em 2002, quando, a pedido do então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu trocar uma reeleição certa para a Assembleia Legislativa, pelo desafio de tentar chegar à Câmara dos Deputados, sendo eleita a primeira deputada federal do PT no RN.

“Em 2002 tomei uma decisão muito difícil. Eu tinha um mandato de deputado estadual assegurada. O presidente Lula me fez um apelo e eu enfrentei o desafio de me tornar deputada federal, que era um lugar até então reservado a políticos tradicionais, ex-governadores ou candidatos com forte aparato econômico. Naquele ano de 2002, o povo do RN fez Fátima Bezerra a deputada federal mais votada do RN. E, em 2010, também tive a honra de ser a deputada federal mais votada do nosso estado também, sendo a 5ª parlamentar mais votada proporcionalmente no Brasil”, declarou.

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