Bolsonaro diz que vencerá ‘guerra’ nas eleições em 2022

Bolsonaro alerta para uma série de medidas, que, na sua avaliação, serão tomadas se Lula vencer

Bolsonaro alerta para uma série de medidas, que, na sua avaliação, serão tomadas se Lula vencer

Diante de uma plateia de investidores e empresários, o presidente Jair Bolsonaro insinuou ontem que pode não aceitar o resultado das eleições, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saia vitorioso. Ao participar da CEO Conference 2022, promovida pelo banco BTG Pactual, Bolsonaro atacou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e propostas do PT. O presidente afirmou que “só Deus” o tira da cadeira no Palácio do Planalto e, mais uma vez, lançou dúvidas sobre o sistema eletrônico de votação.

Com o tom de voz elevado, Bolsonaro listou uma série de medidas, que, na sua avaliação, serão tomadas se Lula vencer a disputa, como revogação do teto de gastos e da reforma trabalhista. “É isso que nós queremos para o Brasil? Dá para deixar tudo rolar numa boa, quem chegar, chegou?”, questionou. “Tudo bem, ninguém vai sofrer nada com isso, a economia vai continuar numa boa”, ironizou ele, que estava acompanhado dos ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Paulo Guedes (Economia).

Ministros

Bolsonaro subiu mais uma vez o tom contra os ministros do STF Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, que assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na terça-feira. “Nós precisamos de paz para ter liberdade. Não vai ser o chefe do Executivo que vai jogar fora das quatro linhas (da Constituição), mas, por favor, não vocês, mas dois ou três no Brasil, não estiquem essa corda”, disse.

Derrotado pelo Congresso Nacional ao propor o voto impresso, no ano passado, Bolsonaro afirmou que o sistema eleitoral, como está, é “fraudável”. Horas antes, em cerimônia no Palácio do Planalto para lançar a carteira nacional de identidade, ele foi na mesma linha e disse ser vítima de “arbitrariedades estapafúrdias”. “Não é que não vamos resistir. É que não vamos perder essa guerra. A alma da democracia está no voto. Seu João e dona Maria têm o direito de saber que seu voto foi contado”, insistiu.

O ministro da Secretaria-Geral, Luiz Eduardo Ramos, saiu em defesa do presidente e criticou Fachin que, em entrevista ao Estadão, disse que “a Justiça Eleitoral já pode estar sob ataque de hackers” e citou a Rússia como origem de parte da ofensiva. “Quando autoridades investidas de um poder desses começam a se expressar com esse tipo de pronunciamento, me dão o direito de levantar dúvidas com relação à isenção e à imparcialidade em futuros processos”, declarou.

TSE

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, descartou ontem que tentativas de ataques estrangeiros ao sistema eleitoral do País possam afetar as urnas eletrônicas. Em entrevista ao Estadão, Fachin havia declarado que a Justiça Eleitoral já poderia estar ameaçada por agressões de agentes internacionais e países, como a Rússia e a Macedônia do Norte. Ontem, em sua primeira coletiva de imprensa no comando da Corte, o ministro-presidente explicou que as investidas estariam focadas nos dados e informações da instituição.

Perguntado sobre as provas das ameaças, Fachin disse que o TSE faz o monitoramento dos riscos aos quais está exposto e que esse material é tratado em sigilo. O presidente citou, no entanto, informações de domínio público sobre as tentativas da Rússia de interferir em eleições ao redor do mundo, como apontou um relatório do Senado dos Estados Unidos. Ele também mencionou notícias publicadas em veículos internacionais que indicam ataques russos em regiões de interesse.

“Nada disso tem a ver com a questão específica das urnas eletrônicas, que não estão na rede mundial de computadores, e, portanto, quando estamos a falar de ataques ou ameaças, dizemos de algo que acontece hoje com organizações e instituições do mundo inteiro”, afirmou. “Reitero que nós sofremos, sim, riscos de ataques”, garantiu.

“Obviamente temos um desenho que nos dá um diagrama da origem desses ataques, cujos dados e informações têm graus de segurança que nos permitem apenas dizer que nos países em que há um baixíssimo controle dos sistemas que lá se hospedam – e que dão abrigo a esse tipo de atividade criminosas – é de lá que a maior parte dos ataques partem”, disse. “O TSE corresponde a um carro blindado, os passageiros do carro estão seguros, mas isso não quer dizer que o carro não possa ser vítima de algum tiroteio”, finalizou.

Diante das ameaças vindas da Rússia, Fachin afirmou que o TSE pode vir a atuar em relação ao Telegram – aplicativo de mensagens russo sem representação no País -, caso seja provocado a se manifestar. O presidente ponderou, contudo, que cabe ao Congresso regular este tema por meio do Projeto de Lei (PL) das Fake News, somente sendo necessária a participação do Poder Judiciário nas discussões sobre o bloqueio da plataforma em caso de omissão do Legislativo.

Fachin considerou oportuna a possibilidade de aprovação do texto que tramita desde a semana passada em caráter de urgência, neste momento de discussões acirradas sobre o funcionamento do Telegram durante as eleições. Na terça-feira, 22, o Ministério Público Federal (MPF) enviou um ofício ao Google e à Apple com perguntas sobre a política das empresas para proibir a disponibilização de aplicativos que ferem interesses coletivos e desobedecem decisões judiciais de autoridades locais.

Fonte: Tribuna do Norte

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