Alianças petistas nos Estados têm série de desentendimentos

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta chegar ao Palácio do Planalto novamente, entrou em campo para dirimir problemas nas alianças nos Estados

Motivos de estresse vão de disputa por espaço até entrevista de Lula em rádio do interior 

CAIO SPECHOTO e MARIANA HAUBERT – Poder360

O PT tem enfrentado dificuldades para concluir suas alianças em diversos Estados há pouco mais de 6 meses das eleições. Disputas entre partidos aliados e indefinições sobre candidaturas podem atrapalhar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tentativa de voltar ao Palácio do Planalto.

Uma fala de Lula em 15 de março a uma rádio na Paraíba, por exemplo, causou estresse entre PT e PSB. “Estou altamente convencido da necessidade de fazer uma aliança com o MDB, com o Veneziano[Vital do Rego, senador]“, disse o ex-presidente.

O PSB da Paraíba ficou irritado porque vai apoiar Lula para presidente e gostaria que ele apoiasse seu candidato: o governador João Azevêdo, que tentará a reeleição. Veneziano é do MDB e também quer ser candidato a governador.

Em Pernambuco, o pré-candidato a governador Danilo Cabral (PSB) aguardava a decisão da deputada Marília Arraes para definir sua chapa. A congressista deixou o PT na última 6ª feira (25.mar.2022) e se filiou ao Solidariedade.

Marília queria ser candidata ao Senado. A direção local do PT, comandada pelo senador Humberto Costa, porém, tentou lançar Carlos Veras, hoje deputado. Lula chegou a intervir a favor de Marília, mas a disputa foi desgastante e a a congressista resolveu deixar o PT. Agora, ela deve disputar o governo do Estado.

Apesar do rompimento com o seu antigo partido, a deputada assegurou que apoiará Lula em sua campanha. Em tese, isso dará 2 palanques para o petista no Estado –tanto Danilo Cabral quanto Marília Arraes fariam campanha por ele.

O PSB, porém, não deve aceitar a associação da imagem de Marília com a de Lula em Pernambuco. Quer apoio exclusivo ao seu candidato.

Também há incerteza no Rio Grande do Norte. A governadora Fátima Bezerra (PT) tentará a reeleição. Havia indicativo de que Garibaldi Alves (MDB) seria candidato a senador na chapa de Fátima. Jean Paul Prates (PT), que era suplente de Fátima Bezerra no Senado e assumiu o mandato quando ela virou governadora, seria suplente de Garibaldi.

Fátima, porém, sinalizou que apoiará Carlos Eduardo Alves (PDT). A aliança com Garibaldi naufragou (ele deve disputar uma vaga na Câmara) e Jean Paul Prates ameaça deixar o PT para ser candidato por outro partido. Petistas ainda tentam atrair o apoio do MDB local.

O Poder360 apurou que há outros setores do PT descontentes com o caso além de Jean Paul. Carlos Eduardo Alves é do PDT. Por fidelidade partidária, terá de fazer campanha para Ciro Gomes, não para Lula.

Jean Paul, por sua vez, se conseguir viabilizar sua candidatura ao Senado deverá apoiar o ex-presidente da República por outro partido.

No Rio de Janeiro, 3º Estado com mais eleitores no Brasil, líderes locais do PT estão descontentes com o apoio do partido a Marcelo Freixo (PSB). Avaliam que ele terá dificuldades para deslanchar e não conseguirá atrair novos eleitores para Lula. O ex-presidente e a cúpula nacional do PT, porém, bancam o acordo de apoio a Freixo.

Também incomoda petistas do Estado a possibilidade de o PSB ter os 2 principais postos na chapa (candidatos a governador e senador). Isso porque o deputado Alessandro Molon (PSB) é pré-candidato ao Senado.

Lula tem indicado preferência pelo petista André Ceciliano na vaga de candidato ao Senado. Nesta semana, o ex-presidente publicou foto ao lado de Ceciliano e de Freixo, além da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

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