Em São Paulo, DEM é disputado por Temer e Alckmin
Enfraquecido em Brasília, o DEM tornou-se objeto de desejo nas negociações para a formação das chapas que disputarão a prefeitura de São Paulo em 2012.
Na capital mais rica do país, o DEM é cortejado pelo PMDB do vice-presidente Michel Temer e pelo PSDB do governador Geraldo Alckmin.
Presidente do DEM federal, o senador José Agripino Maia (RN) equilibra-se entre os dois interlocutores.
“Temos uma conversa preferencial com o Alckmin. Mas isso não nos impede de dialogar com o Temer”, diz Agripino.
“Tentamos encontrar uma solução dentro do PSDB. Quer dizer que descartamos uma aliança com o PMDB? Não, de jeito nenhum.”
Deve-se o duplo assédio ao DEM a um capricho da legislação eleitoral. Algo que torna a legenda extremamente sedutora.
Na conta que define o tamanho da vitrine eletrônica dos partidos, o DEM vale o peso que lhe foi atribuído pelas urnas de 2010.
Assim, a despeito de ter perdido 17 deputados federais para o PSD de Gilberto Kassab, o DEM dispõe, em São Paulo, de valiosos três minutos no rádio e na TV.
Afora a legislação, também os fatos conspiram para fazer do DEM uma sigla contraditoriamente atraente.
Primeira colocada nas pesquisas de opinião, a petista Marta Suplicy foi moída por Lula e viu-se compelida a abdicar de sua candidatura.
Segundo colocado nas sondagens, o tucano José Serra resiste à ideia de queimar numa disputa municipal os cartuchos que julga possuir.
Uma liderança do DEM interpreta a cena assim: sem Marta e Serra, “a disputa de São Paulo virou um campeonato de japoneses.”
Vão às urnas candidatos que, por inexpressivos, dependem da propaganda eletrônica para se distinguir e fisgar o eleitorado.
A ‘vídeo-dependência’ é mais acentuada no caso do deputado Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB.
Por quê? Os antogonistas das outras legendas dispõem de trunfos que Chalita não vai ter.
Virtual candidato do PT, o ministro Fernando Haddad (Educação) vai às urnas com o apoio de Lula, um padrinho bem mais vistoso que Temer.
Dividido entre quatro “japoneses” –Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Ricardo Trípoli – o PSDB injetará na disputa o peso da máquina gerida por Alckmin.
Vem daí a motivação de Michel Temer para converter o projeto de uma aliança com o DEM em queda de braço com Geraldo Alckmin.
Sozinho, o PMDB entrega a Chalita algo como quatro minutos de televisão. Com o DEM, a propaganda vai a sete minutos. O suficiente para entrar no jogo.
Com uma bancada de deputados federais menor que a do PMDB, o tucanato dispõe de menos de quatro minutos.
Acertando-se com o DEM, Alckmin aumenta a vitrine e eleva o cacife para negociar com legendas à procura de parcerias –PP, PR e PTB, por exemplo.
Nos próximos dias, Agripino Maia terá encontros com Alckmin e com Sérgio Guerra, presidente do PSDB.
Vai converser também com o mandachuva do PMDB. “Combinei com Temer de termos um encontro por mês”, disse Agripino ao repórter.
A última reunião ocorreu num almoço realizado há cerca de 30 dias.
À mesa, além de Temer e Agripino, o candidato Chalita e os líderes ACM Neto (DEM) e Henrique Eduardo alves (PMDB).
As negociações conduzidas por Agripino não se restringem a São Paulo. No Rio Grande do Norte, seu Estado, Agripino amarrou as duas pontas do PMDB.
Já dispunha de uma velha aliança com o ministro pemedebê Garibaldi Alves (Previdência).
E atraiu para a base de apoio de Rosalba Ciarlini, única governadora do DEM, o pedaço do PMDB potiguar controlado por Henrique Alves.
Busca agora, as alianças mais convenientes para outras praças.
Espera obter do PSDB, parceiro tradicional, apoio em cidades nas quais o DEM reivindica a cabeça de chapa em 2012.
Entre elas Salvador, Recife, Fortaleza, Aracaju e Campo Grande. Noves fora a capital sergipana, não há, ainda, acordo quanto às demais.
Agripino espera não ser surpreendido. “Ou você é parceiro ou não é. Se temos nomes mais competitivos, não cabe invertar outras candidaturas”, diz.
E se o tucanato resistir? “Somos muito pragmáticos. Se não encontrarmos boa vontade, é evidente que isso nos libera.”
Dito de outro modo: na hipótese de o PSDB negar apoio ao DEM nas cidades mencionadas, crescem as chances de um acerto com Chalita em São Paulo.
Seria péssimo para Alckmin e seu candidato. Ruim também para o petismo e para Lula, que, por ora, não conseguiram atrair para a canoa de Haddad nenhum parceiro.
Fonte:Blog do Josias