PDT reúne cúpula e Dilma busca substituto para Lupi
Elza Fiúza/ABr
Inicialmente decidida a adiar para janeiro a substituição de Carlos Lupi, Dilma Rousseff já não está tão certa da conveniência de aguardar pela reforma ministerial.
Rendidos ao óbvio, auxiliares da presidente ruminam em privado a avaliação de que a sobrevida de Lupi impõe ao governo um custo político demasiado alto.
Sem alarde, abriu-se um debate sobre as opções de substituto. Foi à mesa o nome do ex-senador Osmar Dias (PDT-PR).
Dilma tem apreço por Dias. Candidato derrotado ao governo do Paraná, ele encabeçou a coligação que deu a ela, em 2010, um palanque no Estado.
O problema é que Dias, engenheiro agrônomo, está mais talhado para a pasta da Agricultura do que para a do Trabalho.
Hoje, Dias é vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil. Poderia ser promovido a ministro da Agricultura. Porém…
…Porém, a operação exigiria uma engenharia política que não orna com a necessidade de pressa. O Trabalho poderia ser devolvido ao PT, que ambiciona a pasta.
Mas a Agricultura é do PMDB, que teria de ser compensado. O ministro atual, Mendes Ribeiro, está às voltas com complicações de um tratamento de tumor no cérebro.
Ouvido pelo repórter na noite desta terça (15), um dirigente do PMDB disse que o partido não foi, por ora, convidado a analisar a hipótese de trocar de pasta.
“O que ofereceriam ao PMDB?”, pensou alto. “A Educação? O Ministério das Cidades? Não me parece uma operação simples.”
Abre parênteses: Lula sonha em tirar Gabriel Chalita (PMDB) do tabuleiro eleitoral de São Paulo, empurrando-o para o Ministério da Educação, de onde sairá o candidato Fernando Haddad (PT). Fecha parênteses.
A situação de Lupi deteriorou-se no Planalto depois que vieram à luz as imagens (foto e vídeo) que desmontam a versão do ministro sobre uma viagem ao Maranhão.
Lupi repassara à Presidência a mesma versão que esgrimira em nota oficial. Assegurara que não voara em avião providenciado pelo dono de ONGs Adair Meira.
Depois que os fatos o desmentiram, Lupi silenciou. O Planalto cobra dele novas explicações –privadas e públicas.
Nesta quarta (16), Dilma reúne a coordenação do governo para analisar a nova crise ética, a sexta em dez meses.
Enquanto a Presidência discute o que fazer com Lupi, o PDT prepara-se para reunir sua Executiva nacional no sábado (19).
Vai-se debater o reflexo da crise do Trabalho no cotidiano da legenda. O desconforto é crescente. Ao longo do dia, cogitou-se até o cancelamento do encontro.
Lupi ainda dispõe do apoio retórico da maioria do partido. Embora licenciado da presidência do PDT, Lupi dá as cartas na agremiação.
Com raras exceções, a Executiva é um comitê de amigos e aliados do ministro.
O problema é que, até por amizade, parte do grupo já vê na porta de saída a melhor alternativa para o ministro.
Lupi integra a Executiva. Se a reunião for mantida e se o ministro sobreviver até sábado, não se livrará de ouvir as vozes das exceções.
Entre elas as do senador Pedro Taques (MT) e do deputado Miro Teixeira (RJ). Ambos assinaram representação que pede à Procuradoria investigação na pasta de Lupi.
Miro passou a advogar também a abertura de uma CPI no Congresso. Taques já havia assinado o pedido de CPI da corrupção antes de Lupi virar um ministro hemorrágico.
Fonte:Blog do Josias