BR 101:Posto Caraú entregue à própria sorte

Posto da SET na BR-101 está sem policiamento. Caminhoneiros denunciam roubos, venda de drogas e prostituição
Paulo de Sousa
jpaulosousa.rn@dabr.com.br

Sem policiamento fixo, uma repartição pública do governo do estado está se tornando ponto de venda de entorpecentes e de prostituição, além de oferecer riscos à integridade física e patrimonial de caminhoneiros, que sofrem ameaças de travestis e têm seus pertences roubados. Trata-se do posto fiscal Caraú, no município de Baía Formosa, por onde, diariamente, passam cerca de mil caminhões por dia. O local deveria contar com uma equipe fixa de quatro policiais militares por dia da Companhia PM de Canguaretama, mas, segundo o próprio comandante da unidade, capitão PM Marcones Fernandes, eles não estão trabalhando no posto porque a Secretaria Estadual de Tributação (SET) não paga as diárias dos policiais desde dezembro do ano passado. “A escala de serviço está aqui pronta. Assim que pagarem, eu tenho homens já definidos para irem trabalhar no posto”.


Sérgio diz que obras da BR-101 danificaram iluminação. Fotos: Fábio Cortez/DN/D.A Press
O posto fiscal fica às margens da BR-101, em Baía Formosa, na divisa do Rio Grande do Norte com a Paraíba. Segundo o subdiretor do posto, Sérgio de Souza Medeiros, costumam circular diariamente pelo local uma média de 800 a mil caminhões, para conferência de notas fiscais e recolhimento de impostos. Esses veículos ficam no pátio do posto enquanto os caminhoneiros fazem a checagem da documentação junto aos auditores fiscais. O momento de maior movimentação é no período da noite, quando há uma média de 100 caminhões parados no local.E é exatamente no período noturno em que os problemas ocorrem, conforme o relato de alguns dos caminhoneiros. Um deles, Luiz Antônio Teles, 40 anos, é taxativo: “depois das 18h até dar 4h, sua segurança acabou”. Ele relata que várias prostitutas e travestis costumam frequentar o local nesse horário e são essas pessoas que cometem diversos delitos no local. “São os travestis que trazem drogas para vender por aqui. Eles oferecem para os que ficam nas cabines”. O caminhoneiro diz já ter sido intimidado por um grupo de travestis que circula pelo posto. “Uma vez um deles veio me pedir dinheiro e eu disse que não tinha. Então ele fechou a porta do meu caminhão com bastante força que eu pensei até que iria quebrar o vidro. Tive muita raiva na hora, mas quando olhei para fora do veículo, tinha outros sete com ele. E não adianta revidar, eles são travestis, mas são homens, com a mesma força de alguém como eu. Ainda mais em grupo assim”.O medo de muitos também é o de ter seus pertences roubados. O caminhoneiro William Dantas, 36 anos, conta que já teve três das lâmpadas laterais de sua carreta roubadas naquele posto. Já o seu colega de profissão Fabiano Francisco dos Santos, 32, diz que a escuridão à noite no pátio do posto é que gera todo o temor. “A pessoa nem consegue dormir direito com o medo de se levantar e perceber que foi roubado de alguma maneira. Ou então, como a escuridão aqui é tremenda, a gente teme sair do caminhão e ser surpreendido de alguma forma, ou mesmo voltar ao veículo e ver que algo foi levado”. Fabiano relata que já ouviu falar de furtos de vários objetos, como bateria do caminhão, do botijão de gás para uso dos caminhoneiros ou mesmo do pneu de reserva. “Até mesmo para ir tomar banho é um perigo, pois tudo aqui é escuro demais”.

O caminhoneiro Carlos Luiz Meira, 40 anos, também relata violências sofridas por outros colegas no posto fiscal de Caraú. “Eu já vi um companheiro ser amarrado e jogado no canavial atrás do pátio e ninguém fez nada. Outro dia, aqui, um caminhoneiro quase foi assaltado. Foi sorte ele ter conseguido correr”. Ele é mais um que confirma que são as prostitutas que fazem a venda das drogas e os travestis fazem os pequenos furtos aos caminhões ali parados. A opinião é a mesma de Maurinécio José da Silva, 30, acrescentando que “não tem condições de serem outras pessoas”. Ele reclama ainda do banheiro existente no local para uso dos caminhoneiros. “Ninguém limpa e fica uma sujeira insuportável. Sem falar que à noite é muito escuro para ir lá”, comenta o caminhoneiro. A falta de higiene no banheiro destinado aos caminhoneiros foi presenciada pela equipe do Diário de Natal. No momento em que era feita a reportagem no posto fiscal, o banheiro encontrava-se com fezes espalhadas pelo chão e bastante lixo ao redor. Contudo, ainda enquanto a equipe do DN estava ali, um funcionário da limpeza foi lavar o banheiro.

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